As ejaculatórias pérolas henriquinas

    “Perlar”, quase homófono de “parolar” é o exercício semanário de Almeida Henriques no seu quotidiano de eleição, o CM, que dispensa apresentações e onde não falta quem quiser saber os litros de sangue derramado do dia, ou a oferta actualizada da mais antiga profissão do mundo. O meu amigo M., sabedor do meu […]

  • 16:11 | Terça-feira, 28 de Novembro de 2017
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Perlar”, quase homófono de “parolar” é o exercício semanário de Almeida Henriques no seu quotidiano de eleição, o CM, que dispensa apresentações e onde não falta quem quiser saber os litros de sangue derramado do dia, ou a oferta actualizada da mais antiga profissão do mundo.
O meu amigo M., sabedor do meu filológico pendor, já me provoca ao mandar-mas por email.
E de facto são uma delícia. Short stories como se de um conto se tratasse, férteis de imaginação, nelas a ficção supera “adredemente” a realidade.
Desta feita, país de nautas que somos, “Georges anda a ver o meu país de marinheiros”, já clamava António Nobre no carnal apelo, fomos mareantes de tormentosos cabos e enfrentámos gigantescos Adamastores.
As caravelas portuguesas eram hábeis em navegar à bolina e como toda a gente sabe, mesmo aqueles que só conhecem o Pavia, um barco tem de navegar na direcção da sua proa. “ Em termos náuticos, navegar à bolina, bolinar ou velejar de contra-vento é marear com vento afastado o máximo 6 quartas da proa. É uma técnica empregada por embarcações que consiste em ziguezaguear contra o vento, o que permite navegar por zonas onde o vento não é favorável.
Ou seja, a embarcação que quer progredir, metaforicamente o Governo, é impedida pelo vento, a oposição, exigindo arte e mestria para enfrentar a desejada procela. António Costa ainda o contrata para assessor de comunicação…
Depois, em sub-título, AH invoca o Olimpo, a morada dos 12 deuses, os principais do panteão grego. Para ele, há uma analogia clara entre deuses e políticos e, ele que tem “séculos” de percurso político e que é um mestre da encenação, bem pode escrever do que sabe, mormente, no domínio daquela sobre a “acção” e onde ele é o exemplo pífio da frouxidão e da inacção, para além da croniqueta e da muita labieta…
Porém, conhecedor dos anexins, ter-se-á lembrado “Ó filha, chama-lhe p…, antes que ela te chame a ti.” Ademais, AH é um ilusionista da desmemória, pois já tudo varreu do passado próximo e do governo que efemeramente integrou.
De seguida, desenvolvendo a “ideiazinha” para ferroar na caricata atitude deste Governo – aqui estamos de acordo –  no que toca aos festejos com figurantes pagos, em Aveiro, arranca do subconsciente outra imagem obsidiante: “a mediatização ilude a proximidade”, exercício assaz fecundo na CMV, para rematar à baliza com um ter “pena, muita pena”, assim escreve, como se um galináceo fora ou, talvez, em alter-ego, o ex-libris do Fontelo de que tanto gosta, o pupilante pavão.
Aquilino, no Panteão, revoltar-se-á pelo uso e abuso das suas “Terras do Demo” que, lavra o cronista, “precisavam de uma política reformista e autêntica”. De acordo e pela segunda vez, meu caro, pena é que o préclaro aja como Frei Tomás que bem prega o que ele próprio não faz, esqueça o “ido” e, mais, apague os seus 5 anos de governança autárquica, esse redundante fracasso que, num rasgo de visão assim descreve, autobiografando-se: “Em Viseu, somos testemunhas desta política do parecer em vez do ser”.
Mas vai mais longe no seu ziguezague contra o vento, bolinando: “Os sintomas da alienação e do deixa-andar estão à vista”, que é aquilo que os viseenses mais lúcidos, argutos e perspicazes concluem da sua terminante ausência de “know-how”, para além do mãos rôtas que já provou à saciedade ser, nas pândegas constantes que vão por aí, do Largo do Rossio, ao Mercado 2 de Maio, do Fontelo às quintas dos dilectos vinhateiros que o idolatram.
E para concluir, o seu último parágrafo é mesmo fenomenalmente autobiográfico:
“Em Viseu, somos testemunhas desta política do parecer em vez do ser. Na promessa falhada da ferrovia Aveiro – Salamanca, no silêncio sobre as soluções estruturais para o drama da seca, na incógnita do centro de radioterapia ou no abandono dos compromissos para o “novo” IP3 ou para a requalificação do N229.
Memofante, meu caro, memofante…

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Publicado em Editorial