Pois é esta a conclusão a que chegou o CNE (Conselho Nacional de Educação) acerca das reprovações de alunos, nomeadamente nos 5º e 6º anos, onde considera serem recorrentes e “evitáveis”, concedendo-nos esse mesmo elevado índice de reprovações, um lugar de topo europeu.
Muito bem.
E o CNE já pensou que ministros da Educação como Maria de Lurdes Rodrigues, como mau exemplo, fizeram dos professores meros burocratas mangas-de-alpaca, afastando-os taxativamente da sua função de ENSINAR?
E o CNE já reflectiu que o elevado número de alunos por turma não é consentâneo com a estimada individualização do Ensino e é, antes de mais, um forte factor de insucesso escolar?
E o CNE já ponderou sobre a precariedade de milhares de docentes, colocados a centenas de quilómetros de seus lares, muitas vezes com vagas no concelho da sua residência?
E o CNE já interiorizou que desde o 25 de Abril e desde o ministro da educação Vítor Alves até aos nossos dias, já passaram pela cadeira dezenas de titulares da pasta, contando-se pelos dedos de uma mão aqueles que produziram uma política educacional substantiva?
E o CNE já considerou que os professores têm a progressão na carreira há muito congelada, sem estímulos remuneratório-profissionais para investir na actualização da sua formação científica, pedagógica e didáctica contínua?
E o CNE já investigou a origem social e os recursos familiares de muitos milhares de alunos cuja única refeição diária digna desse nome é a ingerida na cantina da Escola?
E o CNE já viu alguns dos horários de transportes escolares que obrigam milhares de alunos a sair de suas casas, mormente no país interior, às 06 da manha e a chegar às 20h?
E o CNE já se lembrou da obsolescência de muitos dos programas leccionados, absolutamente desfasados dos interesses actuais dos discentes e inadequados ao mercado de trabalho?
Caro CNE, com todo o respeito, deixem-se de tretas. Fui 40 anos professor do ensino secundário e superior e garanto-vos que sei do que falo. Se quiserem meças estou por aqui…
Ainda me lembro de e no início de 2000 ter estado presente num CNE, na Assembleia da República e reconhecer na sua constituição alguns deputados-professores que nunca tinham dado uma aula na vida. Claro que sabiam do que falavam…
De facto é um aborrecimento gastar-se 6 mil euros com cada aluno reprovado. Provavelmente, tal não se verificaria se fossem dadas ao ENSINO e seus plurais agentes outras condições…