“Mais do que nunca as perguntas martelam e inquietam consciências”, brada heróico o cronista Almeida Henriques, figurante que se crê protagonista na política nacional, e a propósito do vai-e-vém do caso Sócrates, Pinho e quejandos, que estão a ser um danado de um embaraço para o PS.
O homem tem dúvidas e muito bem. Em geral, têm-nas também a maioria dos portugueses, cansados deste regabofe político onde os vilões de hoje são os reverenciados pilares sociais de há meia dúzia de anos.
Apreciamos esta visão global da actualidade política nacional, elucidativa de uma presciente consciência crítica, numa bizarra forma de ver com muita clareza o orgalho, mas somente na vista dos outros.
Gostávamos muito – e porque “as perguntas martelam e inquietam consciências” – de o ouvir falar, de o ver escrever, a este lídimo farol, esplendente, da comunicação social actual, sobre as “trivialidades” do burgo local, local esse onde o figurante deveria inçar-se a protagonista nítido, lúcido, claro e inequívoco da missão para a qual foi eleito.
E daí, explicar aos viseenses, por exemplo, o que anda a fazer com a concessão dos lugares de estacionamento público a uma empresa privada, clarificando com transparência os seus actos e as consequências que deles, nos próximos 15 a 30 anos, advirão para todos nós.
Explicar o que anda a fazer com a Saba Parques a quem pretende dar a exploração do estacionamento na cidade para as próximas décadas… o que vai fazer tão urgentemente com os quase 3 milhões e meios de euros que lhe cairão no regaço… quais os custos deste negócio para os viseenses…???
E porém, nesta matéria, o silêncio é sepulcral, quase se intuindo de que algo de subterrâneo – como os futuros parques – se constrói, em discreto secretismo, para mal das próximas gerações dos munícipes locais.
A crónica de Carlos Cunha, de ontem na RD, é um alerta premente e racional para toda esta “embrulhada”. Não ouvimos ainda a oposição socialista manifestar-se sobre o assunto, num embaraçoso silêncio dos “inocentes”. Filomena Pires e Carlos Cunha, da CDU e do CDS-PP são quem tem voz. E os outros, ficaram afónicos porquê?
O estacionamento vai ser reduzido e compelido ou empurrado para a periferia ou para os lugares a pagar (e caro), nomeadamente, o Mercado 2 de Maio, para o qual eram supostas “Franças e Araganças”…
Mais um “inconseguimento” a juntar ao extenso rol. Mas se os “inconseguimentos” são a plena expressão da falência política de um programa, mais grave é a rumorosa vaga que se lhes vai sobrepondo, tsunami que, a concretizar-se, será decerto calamitoso para os tão estranhamente tranquilos cidadãos da polis, os viseenses, que embezerrados, calam e consentem, numa espécie de inexplicável masoquismo, de quem aceita na ilharga o espinhado chicote do suplício.