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Paulo Neto
As tropas russas, prévia e estrategicamente situadas, avançaram sobre a capital ucraniana, Kiev, estando hoje pela madrugada, às suas portas, a menos de 30 kms.
Kiev, a sede do governo tomada, só resta a hipótese da deslocalização deste (para onde e durante quanto tempo?) ou rendição.
O mapa ajudará a compreender melhor a investida, pois a geografia da Crimeia, com a Bielorússia e a Rússia a norte, a Rússia a leste e a Crimeia a sul, permitiu três amplas portas de entrada no país. E a sua asfixia militar.
Do lado oeste, a Polónia, a Eslovénia, a Hungria, a Roménia e a Moldávia, até agora, ficam de fora. Amanhã não sabemos.
Os separatistas, a norte e a sul, são poderosos aliados de Putin.
Quanto à Ucrânia, todos parecem estar a sentir suas dores, à distância, com muita acção caseira e bandeirinhas nas redes sociais, manifestações às portas das embaixadas russas, sanções económicas de efeitos ainda não quantificados e para as quais Vladimir Putin parece rir de escárnio.
O presidente da Crimeia, Volodymyr Zelensky, eleito pelo partido Servo do Povo e os habitantes que vão sendo entrevistados pelos canais ocidentais, queixam-se desesperados de estarem sozinhos à mercê dos invasores.
Este “filme” já não é uma comédia para o antigo actor Zelensky, tornado conhecido pelos papéis desempenhados em filmes difundidos pela televisão ucraniana. O presidente e o povo ucraniano vivendo hoje o pior drama da sua História, com consequências não previsíveis, para os países vizinhos, para a Europa e para o mundo em geral.
As economias globais estrebucham, as bolsas mundiais dão cambalhotas, os preços do gás natural e dos combustíveis disparam para preços exorbitantes (claro!). O rublo e os bancos russos estão em queda livre… Porém, como um maquiavélico drone, pairando sobre toda esta calamidade, o czar Putin flutua imparável e intocável.
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