A quem serve a diabolização da Saúde?

    A comunicação social tem donos, proprietários, accionistas. Em Portugal são razoavelmente conhecidos os donos dos mais importantes jornais, rádios e televisões. Volta e meia são veículos prestáveis de campanhas de diabolização de determinados sectores, pessoas, instituições. Curiosamente, raramente os vimos a diabolizar bancos e banqueiros a não ser quando caídos definitivamente no tapete. […]

  • 16:32 | Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2015
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A comunicação social tem donos, proprietários, accionistas.
Em Portugal são razoavelmente conhecidos os donos dos mais importantes jornais, rádios e televisões.
Volta e meia são veículos prestáveis de campanhas de diabolização de determinados sectores, pessoas, instituições.
Curiosamente, raramente os vimos a diabolizar bancos e banqueiros a não ser quando caídos definitivamente no tapete. E ainda assim…
Porquê? Porque são/eram excelentes clientes, porque os patrões ou são accionistas deles ou têm lá créditos (ou as duas coisas), ou até porque há indeclináveis laços de amizade e/ou cumplicidade entre banqueiros e donos da CS.
 
Um dos mais gritantes exemplos de diabolização foi encetado no consulado de Maria de Lurdes Rodrigues, que foi ministra da Educação da XVII legislatura, de 2005 a 2009.
Para poder implementar as mais atordoantes reformas que iniciaram a destruição da escola pública, os professores foram tratados abaixo de malfeitores e reduzidos a meros mangas-de-alpaca, amanuenses-burocratas de um sistema que se queria apodrecer rapidamente. A CS, por seu turno, cumpriu com enfático agrado o seu adjuvante papel.
Esta política foi continuada com sucesso por Nuno Crato. Deram-se de bandeja milhares de milhões ao ensino privado.
Esse era o objectivo inicial. Conseguiram-se os intentos.
Hoje diaboliza-se o que resta do SNS arrasado pelo governo cessante. Qualquer incidente num hospital resulta num charivari mediático (não estou a minimizá-los…). Talvez fosse bom lembrar que os hospitais públicos, na perspectiva economicista e neo-liberal de Paulo Macedo, foram paulatina e gradualmente esvaziados de meios materiais e humanos. Que a política social nunca rimou com Coelho & Portas. Que a Saúde em Portugal tem nos hospitais públicos profissionais competentíssimos e dedicadíssimos. Que a árvore não faz a floresta…
Porém, como abutres esfaimados, porque sabem que o público acrítico sorve essas emoções “prêt-à-porter”, descontextualizados da mais ampla verdade factual, abordada de forma inquinada e minimalista, as televisões e os jornais cumprem o seu papel.
De facto, como todos já percebemos com a recorrente emergência de grupos privados de saúde, há que diabolizar rapidamente a saúde pública.
Há quem agradeça. Quem será?
PS: Lamento profundamente que haja vítimas inocentes deste “estado de sítio”.

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Publicado em Editorial