Em Nelas a temperatura autárquica está alta.
Okay, também começou o Verão, é certo, mas não basta.
Conforme oportunamente noticiámos, a concelhia do PS local pronunciou-se contra a eventual recandidatura de Borges da Silva nas autárquicas de 2017.
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António Borges, o presidente da federação não esteve de acordo. Em conformidade, enviou ofício a Adelino Amaral, o presidente da concelhia, invocando ter pedido parecer ao Secretário-Geral e à Secretária-Geral Adjunta, e onde determina, naturalmente em prol da proximidade e da coesão, o reconhecimento da “grande qualidade da gestão e do projecto autárquico do PS em Nelas” o qual (reconhecimento) é oriundo dos “vários sectores sociais, laborais e empresariais”.
Ademais, invoca as “orientações aprovadas no 21º Congresso Nacional” no domínio da estratégia autárquica, agindo em “concertação com a direcção nacional”. E nessa estratégia se consignou “o princípio geral da recandidatura dos actuais presidentes de câmara e de junta de freguesia”, sendo entendido “que devem ser recandidatos a novo mandato todos os onze presidentes de câmara eleitos em 2013”. Mais preconiza: “Em Nelas, o candidato do PS deverá ser o presidente José Borges da Silva”. Por seu turno, José Rui Cruz o deputado de Santa Comba Dão, enquanto coordenador autárquico foi mandatado “no sentido de diligenciar por todos os meios para o reencontro das sensibilidades agora em confronto”. A conclusão é de que “os últimos acontecimentos, que têm exposto divisões entre os socialistas, não facilitam uma vitória do PS que todos esperam em Nelas”…
E pronto, assunto arrumado. As concelhias não mandam nada nem têm voz activa – já o tínhamos visto em Tondela com a nomeação de um Ginestal para o IEFP ao arrepio de Joaquim Santos – agora revemo-lo com o puxão de orelhas dado a Adelino Amaral e aos confrontos gerados. Quanto ao presidente da federação, António Borges, também nada mandará, pois apenas cumpre o que o Congresso determinou. E isto é democraticamente salutar?
Mas o problema não é este… O problema, fundamentalmente, reside na consumação dos factos aos quais o político Borges da coesão e da proximidade (?) parece estar sempre alheio, mais parecendo o bombeiro que chega ao incêndio tendo-se esquecido da mangueira em casa.
A política de profilaxia das “divisões” e dos “confrontos” que reconhece – ou qualquer outra – parece inexistente; a auscultação das estruturas de base é irrelevante. As concelhias, assim sendo, são um “verbo-de-encher” e um “verbo-de-encher” parece ser também a Federação, pois não é senão um mero veículo de transmissão do que ouve e aponta nos Congressos partidários.
Dispensa-se o António Borges?