A derrota do PS

    O candidato presidencial em que eu votei não ganhou. Embora para os seus apoiantes, ganhar fosse meramente chegar à segunda volta. E aí, ter esperança numa convergência de eleitorado. Marcelo Rebelo de Sousa obteve a previsível maioria absoluta. A democracia funcionou. Os portugueses podem congratular-se com o facto. E porém… não tenho dúvidas […]

  • 22:07 | Domingo, 24 de Janeiro de 2016
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O candidato presidencial em que eu votei não ganhou. Embora para os seus apoiantes, ganhar fosse meramente chegar à segunda volta. E aí, ter esperança numa convergência de eleitorado.
Marcelo Rebelo de Sousa obteve a previsível maioria absoluta. A democracia funcionou. Os portugueses podem congratular-se com o facto.
E porém… não tenho dúvidas que os mais de 50% estimativos conseguidos pela abstenção são um efeito muito negativo que tem múltiplas causas sobre as quais oportunamente nos debruçaremos.
E porém… não tenho dúvidas de que o vencedor foi o há décadas mediatizado Marcelo Rebelo de Sousa e que essa “exposição” mediática foi a grande alavanca impulsionadora da sua vitória. Temos um show man como primeiro magistrado da Nação, um ganhador televisivo. Esta constatação diz-nos que Ronaldo, o futebolista, se fosse candidato seria o grande vencedor, com mais de 90% dos votos.
E porém… não tenho dúvidas de que há uma grande massa eleitoral acrítica que faz dos sufrágios um mero folclore clubístico, sem grande ponderação.
E porém… não tenho dúvidas que o surgimento da “espontânea” Maria de Belém foi um acto de vã glória pessoal, divisionista, que serviu magnanimamente os interesses de Marcelo. Os portugueses deram-lhe a condigna resposta. Mas insuficiente para tamanha e tão consequente vaidade…
E porém… não tenho dúvidas de que estava profundamente errada a premissa de Marcelo ser um candidato sozinho contra nove candidatos. Pelo contrário, tendo a certeza que os nove candidatos esfarraparam grandemente aquele que podia ser um espaço de união contra Marcelo.
E porém… não tenho dúvidas que o grande derrotado da noite não foi Sampaio da Nóvoa que fez mais do que dele se esperava, sendo-o o Partido Socialista que mais parece, tanto a nível nacional como a nível local, uma selva tribal de etnias em luta pela carcaça da pacaça…
Os próximos cinco anos nos dirão do valimento daquele que ganhou a simpatia dos portugueses pela leitura de la buena dicha… Pitonisa de todos os augúrios.
Parabéns, senhor professor Marcelo !

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Publicado em Editorial