Quando um ministro das Finanças nos vem dizer que o banco x ou y “é de confiança”, os portugueses têm razões fundamentadas para ficar com um pé atrás.
Nos últimos anos esta reiterada confiança, por estas mesmas palavras que não por actos, antecedeu gravíssimos e nalguns casos insolúveis problemas com a banca nacional, que os “tugas” pagaram com língua de palmo. Aliás, como é hábito adquirido, consentido e, logo, normalizado.
Ter confiança numa instituição porque ela tem, ao que dizem, 4 milhões de clientes?
Sim, de facto. Pode ter 3.999.980 clientes que são, maioritariamente, funcionários públicos, aposentados, emigrantes, classe baixa, média e média alta. Esses não são decerto o problema, porque com a sua fidelidade, as suas poupanças de uma vida, as suas dificuldades… eles pagam o pão de muita gente. O problema são os outros 20 (sim, duas dezenas), com devedores que vão dos 476 milhões de euros da Artlant, Barcelona aos 225 milhões do Grupo Lena.
Esses 20 é que perfazem os milhares de milhões do crédito mal parado da CGD que os contribuintes, uma vez mais, vão ter que suportar, por irresponsabilidade eventualmente dolosa das inimputáveis administrações, a preço de ouro pagas e de nomeação eminentemente política.
Assunção Cristas sucede ao histerismo maquiavélico de Portas com a estrídula conversa da treta, tipo “tia de Cascais”, para endrominar as suas descoroçoadas hostes e fazer de contas que está à altura, como sucessora, do sucedido.
Porém, o que lhe sobra, angelical, em mão na anca, escasseia-lhe em sustentação discursiva das atoardas propaladas. Fala para não estar calada e, provavelmente, para agitar o ar parado em que suspensa, voeja.
A imperiosidade de ter agenda é uma chatice!
A Volta à Portugal em bicicleta e os 400 mil euros esportulados pelo executivo viseense, assunto abordado num artigo ontem publicado pela RD, além de uma adesão de milhares de leitores, gerou alguma polémica naqueles que, num acriticismo partidariamente comprometido, lobrigam o mundo por um filtro monocromático.
Amanhã será o assunto a abordar no nosso editorial.
Há dias, a oposição socialista à Câmara Municipal de Viseu pareceu ter acordado de uma persistente hibernação — tal Bela Adormecida — e atirou-se às canelas ensanguentadas de Almeida Henriques, com um comunicado cáustico deste teor:
“Se a política é a arte de convencer os outros de que os nossos fracassos são vitórias, então Almeida Henriques é exímio nessa arte, surpreendendo-nos a cada dia com mais um malabarismo político. Depois de o Governo PSD-CDS lhe ter falhado em tudo, negando e empurrando com a barriga decisões por todos reclamadas há décadas, ou encenando lançamentos de vias sem qualquer estudo ou projeto, Almeida Henriques quer agora fazer crer que as decisões tomadas em Lisboa dependem de si”.
Para rematar depois de citar, e muito bem, Abraham Lincoln, “pode-se enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo”, com uma advertência:
“Como monarca-sol que quer ser, desta fabulosa cidade-região, defenda intransigentemente os interesses de Viseu, mas deixe-se de teatros e contribua para a confiança das pessoas na democracia e na política.”
Estamos em crer que este exercício os deixou exaustos e só foi mesmo proferido por estarem à porta as férias estivais com o consequente retemperar do aço na tepidez de Vilamoura. É ainda conjecturalmente plausível, ao fim da eloquente intervenção, que José Junqueiro tenha ido almoçar com Almeida Henriques ao Forno da Mimi.