Na sexta-feira passada (18), comemorou-se o Dia Internacional da Síndrome de Asperger, uma perturbação do comportamento com uma base genética que se enquadra nas perturbações do espectro do autismo. Algumas das principais características desta síndrome estão relacionadas com alterações na interação social, na comunicação e no comportamento.
Embora não tenha cura, existe uma série de tratamentos para minimizar os aspectos negativos associados a ela. O Ph.D. neurocientista, com formação em neuropsicologia e biólogo Dr. Fabiano de Abreu Agrela, em entrevista, explica como a síndrome é diagnosticada e como pode e deve ser acompanhada.
O que é a Síndrome de Asperger?
Qual é a diferença entre a síndrome de Asperger e o transtorno do espectro do autismo?
A síndrome de Asperger corresponde a um conjunto reconhecível de atipicidades, apesar de uma existência instável na nosografia psiquiátrica. Mais uma condição do que um transtorno, merece reconhecimento como uma entidade isolada dentro do espectro do autismo, em particular porque isso é benéfico para aqueles que se identificam com ele. Em comparação com pessoas com autismo prototípico, os indivíduos Asperger têm interesses intensos e enfrentam questões motoras, afetivas e adaptativas distintas.
Quais são os sintomas da síndrome de Asperger?
Pessoas com Síndrome de Asperger exibem interações sociais pobres, obsessões, padrões de fala estranhos, expressões faciais limitadas e outros maneirismos peculiares. Você pode ver um ou mais dos seguintes sintomas:
1. Uma obsessão intensa com um ou dois assuntos específicos e estreitos
2. Não usar ou compreender a comunicação não verbal, como gestos, linguagem corporal e expressão facial
3. Fala que soa incomum, como plana, aguda, silenciosa, alta ou robótica
4. Ficar chateado com quaisquer pequenas mudanças nas rotinas
5. Memorizar facilmente informações e fatos preferidos
6. Não entender bem as emoções ou ter menos expressão facial do que os outros
7. Interações sociais inadequadas ou mínimas
8. Conversas que quase sempre giram em torno de si mesmas ou de um determinado tópico, e não de outros
9. Dificuldade em gerenciar emoções, às vezes levando a explosões verbais ou comportamentais, comportamentos auto-agressivos ou birras
10. Hipersensibilidade a luzes, sons e texturas
11. Não entender os sentimentos ou perspectivas de outras pessoas
Pessoas com Síndrome de Asperger são mais inteligentes, como já ouvimos dizer?
As questões ligadas à inteligência são bastante discutidas. Muitas vezes existe uma confusão entre ser altamente inteligente ou ser altamente especializado. Quem sofre desta síndrome desenvolve focos bastante fortes numa área de interesse que pode levar essas pessoas ao sucesso pois é visto como objetivo primordial. Erradamente apontam pessoas com Asperger como inteligentes, essa justificativa é perigosa pois serve como argumento para a falta de cuidado necessário para um melhor desenvolvimento resultando num melhor bem estar para pessoas com esse espectro autista. Pessoas com Síndrome de Asperger podem apresentar determinadas inteligências, mas falham na cognição que é, também, uma inteligência. Por isso, deve-se ter todo cuidado educacional e no desenvolvimento cognitivo para que possam se enquadrar melhor na sociedade e contribuir com ela.
Diagnóstico
O diagnóstico é normalmente realizado por uma equipe multidisciplinar e, este acompanhamento médico. Ter o acompanhamento adequado ajuda a criança a ter níveis de automatização que provavelmente não conseguiria atingir se não fosse seguido. Existem diversos tratamentos e intervenção terapêutica que proporcionam oportunidades para os pacientes de se desenvolverem e terem melhor qualidade de vida. Mesmo quando pode incluir tratamento medicamentoso. O acompanhamento psicológico é essencial e muito importante para que a pessoa aprenda a conhecer e a aceitar.