Nunca é demasiado cedo, nunca é demasiado tarde: um novo Relatório desmistifica as formas de reduzir os riscos de desenvolver a Doença de Alzheimer e outras demências…
§ Ao evitar os 12 fatores de risco modificáveis da Doença de Alzheimer e outras demências é possível atrasar a progressão e prevenir quase 40% dos casos, o que equivale a menos 55,6 milhões de casos, em todo o mundo, até 2050.
§ Só este ano já foram publicados em todo o mundo cerca de 50 mil artigos que referem a ligação da Demência com a Alimentação, dando lugar a conselhos por vezes pouco claros para a população em geral.
§ O novo Relatório mundial pretende dissipar esse “ruído” e oferecer uma análise mais clara sobre a forma como os indivíduos – e os governos – podem enfrentar o risco de demência de forma concreta.
§ Nunca é demasiado cedo nem demasiado tarde para reduzir os riscos de Demência e a prevenção pode ajudar as pessoas, antes e depois do diagnóstico.
Só este ano (2023) já foram publicados em todo o mundo cerca de 50.000 artigos em que se referem as ligações entre a Demência e a dieta alimentar, destacando as dificuldades que as pessoas enfrentam quando tentam descobrir como reduzir o risco de Demência, dizem o Centro de Apoio A Pessoas com Alzheimer e outras Demências e a Alzheimer’s Disease International (ADI).
A organização portuguesa que também se dedica à prevenção e acompanhamento de pessoas com Alzheimer e outras demências e a ADI, federação internacional que agrega mais de 100 associações nacionais, consideram que é importante divulgar os últimos resultados das pesquisas. Mas alertam que tão elevado número de artigos disponíveis, muitas vezes sem contexto, acaba por dificultar uma mudança de estilo de vida bem informada.
“Todos os dias são publicados cerca de 200 artigos sobre dietas que previnem a Demência, em que se referem as últimas investigações sobre qualquer coisa, dos mirtilos ao champanhe. Na realidade, a informação exige muito mais”, afirma Paola Barbarino, Diretora-geral da ADI.
O Relatório Mundial Alzheimer de 2023, intitulado “Reduzir o risco de demência: nunca é cedo demais, nunca é tarde demais”, divulgado hoje, concentra-se na redução dos riscos de demência como uma prática, não como uma teoria.
O relatório baseia-se nas reflexões de cerca de 90 investigadores seniores, profissionais de saúde, decisores políticos, pessoas que vivem com demência e cuidadores informais, para ajudar os leitores a compreender o risco de demência de uma forma holística e de fácil leitura.
Em 2020, a revista científica The Lancet divulgou uma lista de 12 fatores de risco modificáveis para a demência (tabagismo, inatividade física, consumo excessivo de álcool, poluição do ar, lesões na cabeça, isolamento social, baixo nível educacional, obesidade, hipertensão, diabetes, depressão e deficiência auditiva) que, se for tida em conta, poderá atrasar a progressão ou prevenir até 40% dos casos de demência em todo o mundo.
“Estamos a atuar em várias frentes. No âmbito do Mês Mundial da Doença de Alzheimer, para darmos a conhecer à comunidade os fatores de risco modificáveis, organizamos, em parceria, diversas iniciativas. Realizamos caminhadas, com o Instituto de Ação Social das Forças Armadas e com a Unidade de Cuidados à Comunidade. Tendo por base a atividade física e o espírito de grupo, são realizadas sessões de informação e sensibilização, na qual se dá a conhecer os 10 Sinais de Alerta e os 12 Fatores de Risco. São também feitas visitas no domicílio das pessoas com 65+ anos e a instituições (Lares, Centros de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário) com a Guarda Nacional Republicana que também faz Operações Stop com o objetivo de passar a informação aos automobilistas”, referiu José Carreira, presidente das Obras Sociais Viseu.
A investigação científica mostra que as pessoas podem desenvolver demência durante décadas antes que os sintomas se manifestem. Contudo, a redução da exposição a fatores modificáveis de risco, tanto antes como depois do diagnóstico, pode atrasar a progressão ou mesmo prevenir casos de Alzheimer ou outras demências.
A redução de riscos pós-diagnóstico também pode ajudar a retardar a progressão da doença. É, portanto, imperativo que a informação e o aconselhamento sejam claros e compreensíveis e que as mudanças no estilo de vida sejam acessíveis a todos.
“A redução dos riscos não termina com o diagnóstico”, diz Emily Ong, que vive com demência em Singapura. “Procurei imediatamente conselhos sobre nutrição e formas de retardar a progressão da doença, continuando a viver bem. A cozinha é o coração da minha casa e adoro cozinhar, por isso adaptei receitas, cozinho mais em família e introduzi utensílios mais adaptados à demência, como chaleiras transparentes.”
Compreender e adaptar a investigação ao nível regional
Embora as histórias sobre ingredientes milagrosos para evitar a demência se apresentem como simplistas e gerais, as considerações regionais são também, frequentemente, uma peça que falta no puzzle.
Muitas vezes anunciadas como dietas que salvam a saúde do cérebro, as diretrizes nutricionais recomendadas, como as dietas mediterrâneas ou MIND, não têm em consideração os produtos disponíveis regionalmente ou tradições culturais.
“A dieta mediterrânica está na base da nossa alimentação. Face aos dados científicos, será importante estimular a adoção desta dieta que tem tradição em Portugal. Importa estancar o avanço, também em Portugal, da fast food”, sublinha José Carreira.
Desenvolvimento de medicamentos
Apesar dos recentes avanços na inovação terapêutica, que deram esperança de cura a muitas pessoas em todo o mundo, ainda estamos longe do objetivo de tratamentos globais, acessíveis e económicos para todos os tipos de demência.
“Apesar dos avanços em novos tratamentos, inacessíveis para a maioria da população, é fundamental apostar na redução dos fatores de risco, uma ferramenta que está disponível hoje e que, em regra, não requer grande investimento financeiro. É necessário, isso sim, boa informação e promoção de estilos de vida saudáveis. Todos nós podemos, por exemplo, assim o saibamos e queiramos, controlar o consumo de tabaco e de álcool, praticar atividade física, convivermos e não nos isolarmos”, refere o presidente das Obras Sociais de Viseu.
A mensagem da Obras Sociais de Viseu / Centro de Apoio A Pessoas com Alzheimer e outras Demências e da ADI é clara: na medida do possível, assuma a responsabilidade pelos 12 fatores de risco modificáveis para gerir o seu próprio risco pessoal de desenvolver Alzheimer ou outras demências. E defenda a intervenção governamental quando as mudanças de comportamento individual não forem suficientes.
“Nunca é muito cedo ou muito tarde para tomar medidas para reduzir o risco a demência”, diz a Diretora-geral da ADI, Paola Barbarino. “A redução do risco é um esforço para toda a vida e é mais eficaz quando a consciência e a compreensão da saúde do cérebro começam em idades mais precoces e continuam após o diagnóstico”.
Centro de Apoio a Pessoas Com Alzheimer e outras Demências (CAPAD)
O CAPAD é uma resposta social das Obras Sociais de Viseu (IPSS) cujos serviços visam dar resposta psicossocial às pessoas com demência e aos cuidadores, formais e informais, bem como trilhar um caminho na sensibilização de toda a comunidade para esta temática, cada vez mais pertinente pela urgência de que se reveste face ao número crescente de casos. A nossa intervenção centra-se na área das terapias não farmacológicas em demências, declínio cognitivo ou outros problemas neurológicos, na promoção de um envelhecimento ativo e saudável e na formação especializada para cuidadores e técnicos. Especializamo-nos, enquanto entidade formadora certificada, na formação especializada no cuidado, junto de técnicos e cuidadores informais, tendo por base a partilha de conhecimentos e saberes (fazer, agir e ser). Para mais informação, visite: https://capad.pt/
Alzheimer’s Disease International (ADI)
ADI é a federação internacional de 105 associações e federações de Alzheimer de todo o mundo, com relações oficiais com a Organização Mundial da Saúde. A visão da ADI é a prevenção, o cuidado e a inclusão hoje e a cura amanhã. A ADI acredita que a chave para vencer a luta contra a demência reside numa combinação única de soluções globais e conhecimento local. A ADI trabalha localmente, capacitando as associações de Alzheimer para promover e fornecer cuidados e apoio às pessoas com demência e aos seus cuidadores, enquanto trabalha globalmente para concentrar a atenção na demência e fazer campanhas para a mudança de políticas www.alz.co.uk
Descrição do Mês Mundial de Alzheimer:
Setembro é o Mês Mundial da doença de Alzheimer, uma campanha internacional para aumentar a consciencialização sobre a demência e combater o estigma. Todos os anos, as associações de Alzheimer e outras demências, juntamente com todos os envolvidos no tratamento, cuidado e apoio às pessoas com demência, de todo o mundo, unem-se para organizar eventos promocionais e informativos, bem como Caminhadas da Memória e dias de angariação de fundos. 21 de setembro é o Dia Mundial do Alzheimer.