“A Secção Concelhia de Viseu do PSD decidiu seguir a reboque das iniciativas políticas do Partido Socialista, o que não se estranha para uma estrutura em que o seu líder dificilmente consegue justificar a sua conduta errática de executivo para executivo na Câmara Municipal de Viseu.
E, desta vez, o exercício do PSD local apela à memória, o que pode ser bastante pernicioso para quem governa os destinos de Viseu há 36 ininterruptos anos.
Começando pelo Centro de Radioterapia, o PS não o esqueceu, continuará a lutar por ele, mas tenhamos menos gritos e a mesma condescendência que o PSD tem com os seus chamados “processos evolutivos”.
Entretanto, se a memória do PSD é límpida para recuar até 2008 com o anúncio de um Governo PS para a conversão do IP3 em autoestrada, os lapsos de memória acontecem logo a seguir ao ocultar o tempo em que, desde então, o PSD foi também governo nacional.
E quando tudo parecia correr bem no seu exercício de memória, eis que há dois assuntos que o PSD reivindica para si e como seus, mas com o eufemismo de lhes chamar “processos evolutivos”, como se a transformação do IP3 tivesse, essa sim, que surgir por geração espontânea.
O primeiro assunto é a nova Barragem de Fagilde que continua a não existir, apesar de Fernando Ruas falar da infraestrutura desde, pelo menos, 1996, na presença do então Primeiro-Ministro, António Guterres, nas Comemorações do Centenário do Nascimento do Dr. José de Azeredo Perdigão.
Deste então e até ao dia de hoje o PSD manteve-se na Câmara Municipal de Viseu e foram vários também os governos do PSD, pelo que compreendemos que esta obra seja classificada pelo PSD local “como processo evolutivo” dada a responsabilidade que tem sobre o assunto.
O segundo assunto trazido à memória coletiva é o famigerado Centro de Artes e Espetáculos de Viseu (CAEVIS) de que Fernando Ruas e o PSD falam desde, pelo menos, 2009, quando, em 23 de Novembro desse ano, apresentava, na Assembleia Municipal, as “Linhas de Desenvolvimento Estratégico do Município de Viseu”. E 16 anos depois do anúncio, ainda não há projeto do CAEVIS – ainda que já tenham sidos gastos mais de 2 milhões de euros só para desenvolver a ideia -, e o seu financiamento, de mais de 30 Milhões de Euros, esteja até agora assegurado em menos de 10% pela alienação de património da Câmara, consubstanciada em terrenos que pertenciam outrora à Estação de Comboios da CP. Assim e dada a TOTAL responsabilidade de Fernando Ruas e do PSD local neste processo, entendemos que o assunto seja também classificado como “processo evolutivo”, ainda que tenha tantos anos como tem o processo da duplicação do IP3.
E, para terminar o exercício de memória suscitado pelo PSD, e porque nos referimos à Estação da CP, relembramos um dos poucos assuntos que Fernando Ruas resolveu com celeridade: a demolição da Estação da CP, em pouco mais de um ano. É que o Presidente da Câmara de Viseu e o partido que o suporta sempre foram bons a propagandear o que de bom também se fez, mas sempre colocaram cortinas de nevoeiro nos processos que provocam mácula nos Viseenses.
Assim, e para que não haja dúvidas, nada melhor do que a fonte ser o próprio para o pleno esclarecimento geral:
“A Estação da C.P., os terrenos envolventes e, bem assim, os troços da via férrea referentes aos ramais do Dão e do Vale do Vouga, constituem um enorme estrangulamento ao desenvolvimento das áreas urbanas e rural por eles atravessados. A sua manutenção, numa altura em que os referidos ramais se encontram extintos e desactivados, não encontra actualmente qualquer justificação.”
Fernando Ruas, 20 de Julho de 1990 – Sessão protocolar da visita do Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Joaquim Ferreira do Amaral
“Estes juntar-se-ão aos protocolos, recentemente assinados com Sua Excelência o Senhor Ministro das Obras Públicas, relativos à remoção da Estação de Caminhos de Ferro…”
Fernando Ruas, 15 de Setembro de 1990 – Sessão protocolar da visita do Primeiro-Ministro, Aníbal Cavaco Silva
“…o aniquilamento do obstáculo que a CP constituiu para a abertura do prolongamento da Avenida António José de Almeida…”
Fernando Ruas, 28 de Fevereiro de 1991 – Assembleia Municipal
É este o exercício de memória que propomos ao PSD Viseu e não esquecemos que a política, tal como as cidades, vive e alimenta-se de memórias. É vital é que sejam verdadeiras. É com essas memórias e com um horizonte bem melhor em vista que o Partido Socialista continuará a trabalhar para que finalmente Setembro traga a Viseu o futuro que Viseu merece.”
Miguel Pipa – Presidente da Concelhia do PS Viseu