“No passado dia 13 de janeiro foi a votação na Assembleia da República um Projeto de Lei do Bloco de Esquerda que permitiria ao Estado Português reestruturar os serviços de abastecimento de água em Portugal, garantindo a recuperação daqueles privatizados (concessionados), como é o caso da concessão da Águas do Planalto, entidade gestora da concessão em Tondela, Carregal do Sal, Santa Comba Dão e Mortágua (e parte do município de Tábua).
Esta concessão tem um contrato altamente prejudicial aos interesses da população, com lucro garantido à empresa privada (contrato leonino), e um dos preços mais elevados do país. O diploma apresentado foi chumbado com votos contra de PS, PSD e IL, abstenção de CH, e votos favoráveis de BE, PCP, L e PAN. PS e PSD voltam a não estar ao lado das populações na defesa do abastecimento público universal de água.
O Bloco de Esquerda defende sem reservas o acesso universal aos serviços de abastecimento de água como um direito inalienável de todos os cidadãos e cidadãs. Desde 1977 o direito à água é referido em várias conferências e documentos das Nações Unidas. Em 2010, a Assembleia Geral da ONU – com o voto favorável de Portugal – reconheceu o acesso à água potável e ao saneamento como um direito humano essencial ao pleno gozo da vida e de todos os outros direitos humanos.
O abastecimento de água, o saneamento e o setor dos resíduos são monopólios naturais que se devem manter sob controlo e gestão pública. Consideramos que estes serviços não podem ser privatizados diretamente ou por qualquer expediente e que devem ser realizados exclusivamente por entidades públicas. Estes serviços não devem ser vistos como um negócio, mas sim como serviços essenciais à população, nas quais não deve haver lugar à procura desenfreada do lucro, mas ao estabelecimento de preços justos e reinvestimentos dos lucros.