Portal da Queixa: Burlas motivam perto de oito mil reclamações

A maioria das queixas refere-se a alegados esquemas online, onde os consumidores ficam sem o produto, sem resposta e sem o dinheiro. O valor total dos prejuízos resultantes das burlas reportadas já ultrapassa, este ano, os 2,5 milhões de euros. 

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  • 17:08 | Quinta-feira, 27 de Julho de 2023
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Desde o início do ano, o Portal da Queixa já recebeu perto de oito mil reclamações relacionadas com burlas, um crescimento de 47,7% em relação ao período homólogo.

A maioria das queixas refere-se a alegados esquemas online, onde os consumidores ficam sem o produto, sem resposta e sem o dinheiro. O valor total dos prejuízos resultantes das burlas reportadas já ultrapassa, este ano, os 2,5 milhões de euros.

Em Portugal, continuam a aumentar os casos de burla, com especial incidência no meio online. Uma análise do Portal da Queixa revela que, desde 2022 e até julho de 2023, os consumidores portugueses já registaram perto de 19 mil ocorrências (18.777) na plataforma com referência a burlas. A maioria das reclamações apresentadas denuncia alegados esquemas online.


Entre os dias 1 de janeiro e 24 de julho de 2023, o Portal da Queixa recebeu 7.845 reclamações, um crescimento de 47.7% em comparação com o período homólogo, onde se verificaram 5.312 queixas.

Segundo apurou a análise, este ano, o valor total estimado em prejuízos ultrapassa os 2,5 milhões de euros (2.675 145€), um valor médio de 341 euros.

A maioria das denúncias reportadas no Portal da Queixa está relacionada com casos de compras em lojas online, sobretudo de tecnologia e informática, onde os consumidores descrevem ter encomendado um produto e efetuado o pagamento, ficando sem o produto, sem resposta (por parte da marca) e sem o dinheiro.

A não execução dos pedidos de reembolso é, por isso, o principal motivo de queixa apresentado este ano, gerando 57,7% das reclamações inseridas em situações de burla. Outros motivos referidos relacionam-se com os problemas no atendimento/resposta da marca a acolher 7,1% das queixas e a absorver 6% das reclamações, está a não entrega do produto.

A análise efetuada aferiu ainda quais as três marcas mais reclamadas em 2023, por alegada situação de burla. O maior volume de queixas foi dirigido à PT Electrónia, uma loja de pequeno retalho de informática (741), à Decorei.pt (209) e à Teckmi (160 reclamações). 

 

Casos denunciados no Portal da Queixa

Paulo Rodrigues é um dos casos onde é denunciada a não entrega da encomenda, no valor de mais de 1.000 euros, nem o reembolso do valor: “Encomenda nunca fornecida, nem devolução do valor de 1003 euros”.

“Nem equipamento, nem dinheiro.”, descreve também na reclamação o consumidor Elias Duarte, que denuncia ter perdido 360 euros na compra de um telemóvel.

O mesmo motivo é apontado por Sandra Costa. A consumidora refere ter comprado dois televisores que nunca recebeu: “Paguei 900 euros, e nem dinheiro de volta, nem televisões.”

Indignado, António Neto é outro consumidor que também reclama o facto de não ter recebido o reembolso no valor de mais de 900 euros. “Efetuei a compra pela internet no valor de 975 euros, cancelei no prazo e não fui reembolsado.”

Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa e CEO da Consumers Trust, lamenta o aumento de casos na plataforma e defende a promoção da literacia digital entre os consumidores.

“A falta de literacia digital na sociedade portuguesa já é equivalente ao problema do analfabetismo de há 40 anos e não atinge apenas os mais velhos. De acordo com a OCDE, em Portugal, um em cada três alunos de 13 anos de idade não possui competências digitais básicas. Infelizmente, esta realidade só poderá ser invertida com a partilha de conhecimento, assente numa estratégia alargada, não dependendo apenas das entidades governamentais – que deverão ser as principais potenciadoras – mas de todos os interessados na jornada digital dos consumidores portugueses. É nossa obrigação contribuir para o aumento da literacia digital, criando mecanismos de defesa, ações e conteúdos pedagógicos, ensinando de forma direta e objetiva como utilizar os canais online, já que deviam ser os organismos do estado a assumir a dianteira.”

 

 

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