O Parlamento Europeu votou para proibir o uso de munição de chumbo nas zonas húmidas em toda a União Europeia, permitindo assim que a Comissão Europeia introduza nova regulamentação.
Depois de aprovação final pelos Estados Membros no Conselho Europeu, a UE poderá finalmente remover o chumbo das nossas zonas húmidas; uma decisão que irá salvar milhares de aves selvagens de uma morte lenta e dolorosa por envenenamento, e salvaguardar a saúde pública, e pela qual a coligação C6, que engloba as maiores Organizações Não-Governamentais de Ambiente do país, se tem batido.
No prazo de 24 meses, toda a munição usada em zonas húmidas não pode conter chumbo. O Comité REACH, responsável pela regulação de compostos químicos na UE, já tinha votado para proibir o chumbo em outubro devido às suas propriedades altamente tóxicas.
Estas chumbadas são frequentemente ingeridas por aves aquáticas como cisnes, flamingos, patos e gansos, que tragicamente as confundem com as pedrinhas que engolem para ajudar à digestão e com as sementes que comem. A Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) estima que o resultado seja a morte de mais de um milhão de aves anualmente.
“É um alívio e é encorajador ver os eurodeputados a recusar-se a cair na armadilha da desinformação e do medo que foram propagados sobre esta questão. Toda a gente sabe que o chumbo é tóxico e por isso mesmo tem vindo a ser banido de muitas utilizações”, diz Joaquim Teodósio, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), em nome da C6. “Esperamos que esta proibição seja rapidamente implementada na Europa e adotada em Portugal, para que as munições de chumbo sejam rápida e eficazmente substituídas pelas alternativas que já existem no mercado, e os nossos rios, lagoas, açudes e pauis sejam libertados deste metal tóxico, a bem das aves, da natureza e da saúde pública.”
Depois de aprovada a proibição pelo Conselho Europeu, será necessário que Portugal e os restantes Estados Membros ponham em prática sistemas de fiscalização e disponibilizem informação clara e compreensível aos caçadores, e que a Comissão Europeia garanta a implementação de todas essas medidas.