Os vereadores do PS votaram contra e apresentaram a seguinte Declaração de Voto referentemente ao Orçamento, Grandes Opções do Plano e Mapa de Pessoal da Câmara Municipal e dos SMAS para o ano de 2024
“O Orçamento apresenta um valor de 111,1M€ verificando-se um aumento de cerca de 2,9M€ referente a 2023.
A apresentação deste orçamento sem rasgo de visão estratégica assenta numa lógica de estarmos perante uma conjuntura económica e social, tanto a nível nacional como internacional, marcada pela instabilidade e incerteza. O abrandamento da economia conjuntamente com uma elevada pressão inflacionista e uma rutura na cadeia de abastecimento global, provocará revisões de preços extraordinários e aumento de carências sociais entre os munícipes . Concordamos que devemos ser prudentes e cautelosos, mas tal não inviabiliza que não se tenha uma visão de futuro, assente num paradigma de desenvolvimento económico e coesão social e territorial.
Verificamos que há equilíbrio orçamental, as despesas correntes são inferiores às receitas correntes.
É afirmado que o orçamento para 2024 é para promover uma sociedade mais justa, igualitária, fraterna e solidária, dando primazia a apoios e programas de cariz social, reforçando os esforços para proporcionar a todos os munícipes condições para desfrutar de uma vida plena, digna e participativa.
-Nas funções sociais que representam mais de metade das GOP: Apresenta a GOP Viseu Social com 12,6 milhões de euros, mas para apoio e auxilio a instituições e famílias o valor dedicado é de apenas 304 mil euros.
– Área da Educação: tem cerca de 10 milhões de euros representando cerca 12%, mas só as refeições escolares com mais de 4 milhões e os transportes escolares com mais de um milhão consomem mais de metade desse orçamento. Se acrescentarmos a residência de estudantes, temos um total de 6.5M€, ou seja, dois terços do valor disponível. Pouco ou nada se prevê para projetos imateriais. Continuamos a ter um claro desinvestimento numa área chave de desenvolvimento de um território.
– Área da Mobilidade: o que preconiza nesta área são sobretudo obras de requalificação e reabilitações de estradas e investimentos que numa grande maioria transitam do passado. Mais uma vez não é perceptível nenhuma linha de pensamento para colocar Viseu como um território inteligente, defensor da descarbonização urbana, sustentável e ecológica.
– Área do Turismo, com valores residuais que são reflexo de não aposta neste setor tão importante para a geração de riqueza e emprego. Relembro que Viseu perdeu quota de turismo no ano de 2023. Este é um sinal que esta curva descendente irá continuar.
– A rubrica Transportes Aéreos apresenta valores quase nulos de investimento o que reflete que o nosso Aeródromo continua esquecido. Seria sem duvida um potenciador do crescimento económico do concelho no apoio ao Turismo e atração de investimento.
– A área da Cultura, se lhe retiramos o apoio ao património, apresenta valores muito ténues face à dinâmica que uma cidade como Viseu merece. É uma área fundamental de desenvolvimento.
– Para o Ordenamento do Território aponta 7,7 milhões de euros, mas por exemplo para a execução do PDM só dedica 400.000€.
– Na rede viária o valor apresentado é de 15 milhões, mas inacreditavelmente, só bem menos de metade, 6,6 milhões tem financiamento definido.
– Verificamos também que o valor referente às freguesias diminui em cerca de 100.000€ referente a 2023 entre transferências correntes e transferências de capital. Apesar de no orçamento nas receitas o Município receber mais 3,5M€ de transferências de capital nas freguesias não aplica o mesmo princípio. Faz o que eu digo e não faças o que eu faço…..
Por último verificamos que há um aumento do lado das receitas não efetivas de 18M€, pois estimam um aumento de 18M€ nos passivos financeiros em 2024.
De resto, a leitura do documento (quase 400 páginas) revela a simples evidência de distribuição de verbas, apenas enunciando grandes montantes agregados sem explicar o seu objetivo de estratégia, ou orientação de política.
O que agora referimos, justificam o nosso Voto Contra, este orçamento continua a traduzir uma política do passado sem o rasgo que se pretende de uma gestão moderna, original, ambiciosa e atrativa para que possamos ter um Concelho pujante, atrativo e de crescimento.”