No âmbito de uma investigação dirigida pela Procuradoria Europeia (EPPO) em Lisboa, com o nome de código “Ambrósia”, foram ontem detidos 11 suspeitos de operar uma rede criminosa de fraude intracomunitária ao IVA com produtos alimentares essenciais (incluindo azeite, óleo e açúcar), com prejuízos estimados de 30 milhões de euros.
Foram cumpridos 222 mandados de busca, em que se incluem 40 buscas domiciliárias, 46 não domiciliárias, quatro escritórios de advogados e 132 veículos. As buscas, lideradas por quatro procuradores europeus delegados e dois juízes de instrução em Portugal, com o apoio de mais de 230 investigadores, decorreram nos distritos de Lisboa, Porto, Setúbal, Coimbra, Aveiro, Braga, Leiria, Santarém, Évora, Viseu e também em diversas localidades de Espanha e numa localidade em França.
Um circuito internacional de vendas simulado.
De acordo com os indícios recolhidos, a rede investigada, na qual intervieram 102 sociedades com sede em Portugal, mas também em Espanha e França, terá desenvolvido a seguinte prática:
Compra de produtos alimentares e bebidas em Portugal, faturadas com recurso a empresas de fachada (“missing traders”), domiciliadas noutros países da UE, permitindo aos agentes não liquidar o IVA devido;
Na verdade, contrariamente ao que quiseram fazer crer com este circuito, os produtos transacionados nunca terão saído de Portugal;
Estima-se que com esta atividade os suspeitos tenham obtido um lucro indevido de cerca de 30 milhões de euros de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), valor com que os cofres do Estado português e o orçamento da União terão sido lesados.
As medidas de investigação, que decorreram em Portugal, Espanha e França, contaram com a colaboração da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), através da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE), e da Unidade de Ação Fiscal da GNR (UAF). Em Espanha, as medidas de investigação foram levadas a cabo com o apoio da Polícia Judiciária da Guarda Civil (Policía Judicial de la Guardia Civil). Em França, a Procuradoria Europeia contou com o apoio do Organismo Nacional de Luta Antifraude (ONAF).
A Procuradoria Europeia é uma entidade independente da União Europeia. É responsável por conduzir a ação penal, na investigação e julgamento, contra crimes que lesam os interesses financeiros da UE.