Nova lei das garantias preocupa o setor do comércio automóvel (usados)

“o grande problema desta lei é que não faz a distinção de bens novos e de bens usados. Nesse sentido, a nossa opinião é que está desajustado à realidade socioeconómica do nosso país no caso dos usados.

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  • 11:54 | Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2022
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O Standvirtual realizou um Webinar para apresentar o seu habitual barómetro do mercado automóvel, desenvolvido em parceria com a Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP).

O evento online contou com o contributo de Miguel Vassalo (Country Director Autorola Group); Nuno Silva (Presidente APDCA); Sofia Cruz (Diretora Geral Gras Savoye NSA); Maria Neffe (Departamento Económico Estatístico ACAP); além de Daniel Rocha (Diretor de Estudos e Planeamento do Standvirtual), Pedro Soares (Diretor Comercial do Standvirtual) e Nuno C. Branco (Diretor Geral do Standvirtual). O webinar teve como principal objetivo divulgar os números e analisar os temas mais relevantes do mercado automóvel em 2021.

Sobre o recente prolongamento das garantias de dois para três anos, ainda que o período possa ser reduzido por comum acordo no caso dos usados, Sofia Cruz, Diretora Geral Gras Savoye NSA, refere que “o grande problema desta lei é que não faz a distinção de bens novos e de bens usados. Nesse sentido, a nossa opinião é que está desajustado à realidade socioeconómica do nosso país no caso dos usados. Por exemplo, em Espanha vai vigorar uma garantia para os usados de 12 meses. Em Portugal, o nosso legislador decidiu ir para além da diretiva europeia”. Tal pode impactar o preço final da viatura, ao qual o vendedor vai alocar este cálculo de forma a “não penalizar margens e rentabilidade”.


Para Nuno Silva, Presidente APDCA, “2021 foi um ano desafiante e o setor tomou medidas de forma rápida”, no entanto “há problemas como a covid-19, dificuldades com o IMT, a implementação de uma nova lei de garantias que não regulamenta os usados, nomeadamente os automóveis. Já trabalhamos para melhorar a transparência na venda de viaturas. Os governantes tem de ouvir as entidades do setor antes de implementarem regras. O setor automóvel é constituído por pequenas e médias empresas e estas tem de se adaptar a realidades que até as grandes empresas têm dificuldades”. Destaca ainda a importância de uma “voz no setor”, apelando às associações que alinhem as mensagens e às empresas que se juntem às associações.

Já a análise anual de Miguel Vassalo, Country Director Autorola Group, indica que “a nível de volume de stock começámos o ano de forma razoável e a partir de abril sentimos uma quebra pronunciada no mercado. Em setembro chega uma fase de estabilidade, em que não recuperámos mas a queda não se acentuou. Os preços começaram a subir a partir de abril até setembro, quando estabilizaram. Há um desfasamento na casa dos 90 dias para a repercussão do preço mais alto dos leilões no mercado. Iremos ver no final deste ano uma recuperação da situação, com os preços a descer ao longo dos próximos meses”, referindo por fim que o mercado tem de otimizar os recursos e oportunidades da melhor forma.

 

Barómetro de dezembro Standvirtual

No mercado de usados, a quebra foi menos acentuada em novembro, alcançando valores próximos de 2020. Ainda assim mantém-se a quebra de -14% do acumulado anual e continuam a verificar-se preços mais elevados. Modelos mais representados no Standvirtual revelam aumento de +15% a +20% do valor nos últimos seis meses.

· Existiu uma quebra no registo de carros usados de -1% em novembro face ao período homólogo de 2020 e de -8% em relação a 2019, o que demostra um cenário mais positivo do que em meses anteriores.

· A análise cumulativa de 2021, no período de janeiro a novembro, revela-se pior do que no mesmo período de 2020, com uma quebra global de -14% na transferência de propriedade. Entre 2020 e 2019 houve uma quebra ligeiramente menor, de -11%, no mesmo período.

· O preço médio continua a subir em dezembro. O valor tem aumentado sobretudo a partir de agosto/setembro, depois de alguma estabilidade ao longo de junho e julho.

· Continua a aumentar a representatividade de carros acima dos 20 mil euros (40% do share de anúncios), que tem vindo a subir desde junho de 2020. Paralelamente, escasseiam os carros mais baratos, devido à baixa do stock de veículos até 10 mil euros (cerca de 18%). O share de veículos entre os 10-20 mil euros mantém-se em relação ao mês anterior (cerca de 41%).

· No que diz respeito aos carros com mais presença e representatividade no Standvirtual, o Mercedes Classe A180 viu o seu preço aumentar em cerca de +20% nos últimos seis meses (6 mil euros acima do preço inicial). O mesmo acontece com o Nissan Qashqai, o Renault Clio e o Renault Sport Tourer, que no mesmo período veem o preço aumentar em cerca de +15%.

· Ao nível do B2B, segundo dados fornecidos pela BCA, os preços estão a diminuir ligeiramente desde setembro, ainda que dezembro se mantenha entre os meses com os valores mais elevados do ano.

· A nível europeu, os sites líderes de classificados automóvel registam desde meados de 2021 uma tendência de quebra nas visitas, acompanhada por um aumento generalizado dos preços.

· Verifica-se uma quebra no mercado de novos (ligeiros e pesados) de -10,7% em dezembro face ao mesmo mês de 2020. No total do ano, houve em 2021 um crescimento baixo, de apenas 1,9%. Comparativamente com 2019, dezembro regista uma quebra de -28% e ao nível anual a quebra foi de -32,7%. Por outro lado, o mercado de motociclos regista um crescimento de +15% em relação a 2020.

 

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