Carlos Carvalho tomou posse para o 3.º mandato à frente da Câmara Municipal de Tabuaço, no passado sábado, 16 de Outubro. A cerimónia decorreu no Auditório do Centro de Promoção Social e foi marcada por um discurso realista e sem qualquer indulgência pelas políticas do Governo, onde o reeleito autarca falou da marginalização e esquecimento da Região e, entre outras questões, descredibilizou o tão propagandeado Plano de Recuperação e Resiliência em tempo eleitoral. Com a presença de vários autarcas dos municípios contíguos, Carlos Carvalho, reiterou o que há muito reivindica do Governo, políticas adequadas à realidade do território, que diminuam as assimetrias territoriais.
Nas últimas eleições de 26 de Setembro a coligação PPD/PSC- CDS-PP – Por Tabuaço, Todos – conquistou quatro vereadores para a Câmara Municipal tendo o PS ficado por um. Também com a maioria da votação, Leandro Macedo renova o 3.º mandato como Presidente da Assembleia Municipal. Das treze freguesias que compõem o concelho, a coligação PPD/PSD – CDS-PP conta com 8 freguesias, o PS mantém uma e as restantes 4 freguesias foram encabeçadas por movimentos independentes.
A votação nas listas encabeçadas por Carlos Carvalho e Leandro Macedo desde 2013 aumentou significativamente, resultados que o presidente do Município justifica pelo reconhecimento no “esforço, o empenho, o trabalho, a forma de estar e exercer política, por parte dos tabuacenses, de uma forma expressiva e sem quaisquer margens para dúvidas”. Para o autarca de 45 anos, o resultado atingido “apesar da legitimação transmite-nos ainda mais responsabilidade que a que tínhamos no passado”.
No discurso da tomada de posse, cerimónia à qual assistiram mais de duas centenas de pessoas, e ainda transmitido em direto através da página oficial de facebook da Assembleia Municipal, Carlos Carvalho reitera que se continua a vivenciar aquele que será provavelmente um dos períodos mais difíceis, graças à pandemia da Covid-19, e no qual decorreu mais de metade do último mandato. No entanto, assegura que o facto de ser ter “vivido em suspenso durante os últimos 18 meses” não impediu que o Município mantivesse o rumo nas principais áreas nem perdesse o foco naquele que foi um dos principais objetivos da sua candidatura ainda em 2013 – a redução da dívida do Município. A este propósito avança que “enquadrar o município dentro dos limites de endividamento permitidos está praticamente alcançado. Em 2013 vivíamos um cenário de ruptura financeira em que o nosso rácio de endividamento era de 2,43 que conseguimos reduzir para 1,54, que se traduz em 8 anos numa redução superior a 7 milhões de euros de dívida”. Recorde-se que em 2013, aquando da primeira candidatura de Carlos Carvalho à Câmara Municipal de Tabuaço, o endividamento do Município era superior a 5 Milhões de Euros, hoje é menos de 300 000 €.
Nas palavras do presidente da Câmara “o que está feito, feito está. Importa agora colocar os olhos no futuro”. Para o autarca, a estratégia está no próximo Quadro Comunitário que permitirá continuar a apostar em sectores como o Turismo, os recursos naturais e endógenos, firmando Tabuaço como um dos destinos turísticos de referência na Região.
Ciente dos desafios que o futuro implica, Carlos Carvalho deixa no seu discurso de posse “recados” ao Governo. Antes de mais no que toca à perda de população, um problema que deve ser observado “com profundidade e não apenas pela rama como muitas das vezes acontece”, avançando que “se dos 308 municípios que existem no país, Tabuaço fosse o único que tivesse perdido população e os restantes 307 mantido ou ganho, com toda a certeza que não estaríamos aqui no dia de hoje!” Carlos Carvalho aprofunda a questão referindo que “dos 308 Municípios, 257 perderam população e apenas 51 ganharam! E desses 51 quase todos estão inseridos nas áreas metropolitanas ou nas suas imediações! E nessas áreas metropolitanas vivem mais de 50 % da população portuguesa!”.
Para o autarca os números não deixam margem para dúvidas “este cenário absurdo deve-se à forma como os Governos de há décadas a esta parte têm não olhado, não investido, não tido qualquer tipo de estratégia para territórios como Tabuaço ou para regiões como o Douro”.
Vai mais longe quando defende que Tabuaço e a Região do Douro testemunham “o esquecimento, a marginalização!”. Para tal, “basta atentar que nos últimos 8 anos em que temos estado à frente dos destinos da Câmara Municipal de Tabuaço, o investimento nacional foi praticamente zero tendo tudo o que tem sido feito a expensas das Juntas, Câmara e fundos comunitários com a devida comparticipação nacional a ser por nós assumida!”.
Nas farpas lançadas ao Governo Carlos Carvalho assume que “não esperem de nós qualquer tipo de complacência político partidária. Demos provas ao longo destes oito anos, quer com o actual governo socialista quer com o governo da coligação que aqui representamos localmente, de que o que nos move é sempre o superior interesse dos Tabuacenses” e por isso, garante “não podemos continuar a aceitar políticas iguais para territórios diferentes, o encerramento e desqualificação em áreas essenciais como a Saúde, Educação, Justiça, o contínuo alheamento do Estado no que ao Investimento Público diz respeito, a falta de investimento nas acessibilidades, a falta de critério que existe na divisão e atribuição de fundos e investimentos, e o adormecimento da opinião pública do nosso País”. Como tal, refere “não podemos continuar a ser portugueses de segunda! Aqui o que se faz, faz-se tão bem ou melhor que no resto do nosso País”, defendendo que enquanto representantes eleitos “temos incomparavelmente mais responsabilidade mas esta não é uma luta só nossa! E quanto maior for a vossa participação, maior é a nossa força!”.