O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Oliveira, participou esta segunda-feira, dia 6 de maio, num evento integrado no 19.º Fórum para as Florestas das Nações Unidas, em Nova Iorque, suportando um quadro mais robusto capaz de lidar com a complexidade e a incerteza dos fogos rurais, sendo para isso necessário criar um mecanismo internacional no seio da ONU para promover a implementação de um programa global de gestão integrada de incêndios e facilitar o financiamento de ações de gestão integrada de incêndios em todo o mundo.
Na sua intervenção, Tiago Oliveira abordou os principais pontos do Quadro de Referência Internacional de Governança do Fogo Rural, que foi discutido e aprovado na 8.ª Conferência Internacional de Incêndios Rurais, realizada na cidade do Porto, em maio de 2023.
A complexidade dos incêndios e um número crescente de partes interessadas com diferentes pontos de vista e soluções exigem que a simples separação entre prevenção e resposta dê lugar a um quadro mais robusto capaz de lidar com a incerteza. É essa mensagem que a AGIF leva a Nova Iorque, à sede das Nações Unidas, apelando ao trabalho conjunto, quebrando os silos tradicionais das organizações e promovendo um objetivo claro, partilhado e agregador: reduzir a vulnerabilidade face aos incêndios rurais e proteger as pessoas, bem como as suas tradições, num fórum que une culturas e experiências muito diversas por todo o mundo.
Além disso, a gestão integrada de incêndios ajuda a fortalecer a interoperabilidade e, portanto, a eficácia e eficiência da resposta internacional a emergências de incêndios rurais.
Já apoiado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e pelas Nações Unidas, os países são desafiados, na intervenção feita pela AGIF, a utilizar o quadro de referência para se prepararem para reduzir as perdas causadas pelo fogo. Esta abordagem precisa de ser encarada como um modelo de governança do fogo, reunindo governos, empresas, academia e sociedade civil, com o objetivo de desenvolver abordagens equilibradas para a prevenção de incêndios.
Em 2023, o investimento total em prevenção e combate duplicou face a 2017, sendo também o ano com maior esforço de sempre (cerca de 500 milhões de euros), registando-se pela primeira vez zero vítimas fatais entre civis e operacionais em incêndios ou em queimas e queimadas.
No ano passado, foram registados 7.523 incêndios rurais, o que representa uma diminuição de 46% face à média dos dez anos anteriores (2013-2022). A área ardida totalizou 34.509 hectares, o que revela uma diminuição de 72% em relação à média dos dez anos anteriores. Após quatro anos de implementação do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR), reduziu-se em 59% a taxa de ignições nos dias de elevado risco de incêndio, face à média dos 10 anos anteriores ao PNGIFR (2010-2019).
A prioridade a dar à prevenção, a capacidade de definir políticas públicas corajosas, as tomadas de decisão informadas por conhecimento técnico e científico e o reforço da articulação entre as instituições e a comunidade, foram, em síntese, pontos-chave identificados para uma melhor proteção contra os incêndios rurais cada vez mais severos.