No ano da “Cidade-Jardim”, o pulmão do centro da cidade está a ser abatido! As árvores, na sua esmagadora maioria carvalhos, estão a ser abatidas às centenas, independentemente da idade e da sua função em todo o ecossistema da Mata do Fontelo.
Os cortes estão a ser efetuados em terreno privado que o município nunca protegeu, nunca quis incluir na gestão municipal. Pelo contrário, existem planos que preveem a urbanização daquele espaço.
O Bloco defende a inclusão da referida quinta na gestão de toda a mata do Fontelo, de forma a preservar a dinâmica biológica do espaço e a garantir a preservação de espécies que ali deviam ter um santuário defendido da expansão do betão.
Habitam neste ecossistema, que não tem fronteira entre o que já é público e o que ainda é privado, os ouriços-cacheiros, os esquilos ou o pica-pau malhado, entre muitas outras espécies, das quais destacamos a “vaca-loura”, o maior escaravelho da Europa, classificada como “quase ameaçada” pela UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza. Este animal depende precisamente das árvores de folha caduca, principalmente das mais antigas, como os carvalhos abatidos. O período de ‘incubação’ das suas larvas pode durar até 7 anos, incompatível com o abate a que assistimos neste momento.
Só na parte de gestão pública, foram identificadas 37 espécies, 13 dessas são autóctones. As mais representadas são o Carvalho (Quercus robur) 1850 exemplares, o Loureiro (Laurus Nobilis) 1614 exemplares e o medronheiro (Arbutus Unedo) com 1315 exemplares. Em cada 10 mil metros quadrados, existem 441 árvores ou arbustos. A área que agora está a ser devastada era, segundo observação de imagens de satélite, mais densa que a pública, sendo um verdadeiro local de preservação biológica da nossa cidade.
Uma cidade Verde, uma cidade Jardim, uma cidade da Natureza é pró-ativa na preservação Ambiental!
Mais que intervir em reação, é preciso ser pró-ativo na procura de mecanismos de preservação deste espaço verde de Viseu, neste que não é apenas um jardim, é uma mata com vida própria.
Voltamos, assim, a propor que todo este espaço seja urgentemente incluído na gestão pública, aumentando desta forma a capacidade de preservação – a capacidade de todas nós, pessoas deste concelho, exigirmos a sua conservação.
É preciso avançar urgentemente para alteração do PDM, que prevê dentro do que ainda é zona natural, construção, reduzindo a área de mata, principalmente onde esta é mais densa.
É preciso classificar o Fontelo, não só no património construído, mas também no património natural, transformando-o numa zona protegida. Para que este não fique à disposição das vontades diversas de quem passa pela autarquia.
A Comissão Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda