O projeto “BI-WELLNESS” tem como principal objetivo o desenvolvimento de produtos inovadores e sustentáveis, como cosméticos e produtos de aromaterapia, para utilização no bem-estar humano, e produtos repelentes de insetos, para o bem-estar dos animais de produção (Figura 1) e companhia, a partir de recursos naturais da região da Beira Interior, como águas termais, plantas aromáticas autóctones e subprodutos das indústrias vinícola e olivícola da Beira Interior.
Figura 1: Rebanho de ovelhas da raça Serra da Estrela
Este projeto, financiado pelo Programa “FCT – BPI Fundação la Caixa Promove – O futuro do interior”, é liderado pelo Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade (CERES) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) e Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e conta com o apoio de diversas entidades e empresas regionais, bem como com a colaboração da Universidade de Salamanca.
A Beira Interior é um território de baixa densidade populacional que, nos últimos dez anos perdeu, em média, cerca de 3 mil habitantes por ano, com maior incidência nos concelhos de perfil mais rural. Os valores do PIB per capita da região continuam baixos, com níveis mais elevados de desemprego do que os de outras regiões NUTS III do país e da Europa. «Torna-se imperativo combater este panorama, nomeadamente através de medidas capazes de estimular e desenvolver atividades económicas mais sustentáveis e de âmbito local, fomentar a criação regional de riqueza multissetorial e dinamizar o turismo termal e de montanha, bem como combater a desertificação demográfica e promover o conhecimento e a criação de emprego qualificado», salienta Luís Silva, investigador e coordenador da equipa do Instituto Politécnico da Guarda.
Uma das vertentes inovadoras do projeto, é a aplicação de técnicas de deteção remota e processamento digital de imagem para mapear e georreferenciar plantas aromáticas autóctones ainda pouco exploradas, presentes nos parques naturais e reservas ecológicas da região. Para além disso, numa fase posterior, o projeto pretende alargar o desenvolvimento de produtos repelentes para animais companhia e de produção, e assim contribuir para o controlo de parasitas que, muitas vezes, são vetores de agentes patogénicos, alguns deles zoonóticos. De acordo com Catarina Coelho, coordenador da equipa da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu, «isto contribuirá não só para a economia regional, dada a importância da produção animal e de produtos de origem animal na região, mas também para a saúde pública, ao mitigar o risco de transmissão de doenças entre animais e humanos».
Nesta fase de arranque do projeto, a equipa de investigação procura a colaboração de empresas regionais que tenham interesse no desenvolvimento conjunto para posterior comercialização deste tipo de produtos. «A colaboração efetiva de empresas, de preferência regionais, de áreas como cosmética, higiene pessoal e saúde animal, será crucial para o sucesso do projeto uma vez que, sem elas, os objetivos estabelecidos a médio e longo prazo nunca poderão ser alcançados. Acreditamos que, juntos, conseguiremos desenvolver, viabilizar e levar para outras zonas do país os aromas, os benefícios e a qualidade dos produtos da Beira Interior», conclui Hermínio Sousa.