Uma equipa de investigadores internacionais está a estudar a evolução da curva do nível do mar e o registo de tsunamis no Mar do Norte nos últimos 10 mil anos. Pedro Costa, docente do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) é o coordenador do projeto NORSEAT, na UC.
Este projeto visa melhorar a compreensão do risco de tsunami no Mar do Norte, identificando assinaturas geológicas de tsunami em zonas costeiras e seguindo em direção aos fundos submarinos.
«O objetivo é compilar evidências de eventos, agrupar os arquivos terrestres e marinhos para estabelecer a dinâmica dos principais eventos e, por fim, estabelecer a evolução da curva do nível relativo do mar das Ilhas Shetland. Estes dados são essenciais para o desenvolvimento de avaliações de risco e projeções de inundações mais rigorosos», considera Pedro Costa.
«As evidências, recentemente determinadas, sugerem uma taxa de recorrência realmente baixa, à escala geológica, de eventos de tsunami na região. No entanto, devido à natureza da bacia do Mar do Norte e das suas costas, caracterizadas por um espaço de alojamento sedimentar limitado, à má preservação de depósitos de eventos extremos e à erosão ou retrabalhamento antropogénico, temos assistido a uma provável subestimação do risco de tsunami para toda a bacia atlântica», explica o docente.
De acordo com os investigadores, em contraste com os depósitos de tsunamis em terra, os depósitos de tsunamis no mar têm recebido significativamente menos atenção, embora sejam muito mais propensos a serem preservados no registo sedimentar e a conterem assinaturas deposicionais de tsunamis originais, especialmente os que estão depositados em ambientes marinhos suficientemente profundos.
«Esses arquivos sedimentares de tsunamis detetados nos fundos submarinos são de vital importância para a melhoria da nossa compreensão do perigo de tsunami no Mar do Norte», acredita o investigador. Além disso, conclui, «o conhecimento da posição do nível relativo do mar, no momento em que os tsunamis inundaram as zonas costeiras, é crucial para a modelação e transporte de sedimentos para a cenarização das inundações, o que permitirá o desenvolvimento de melhores avaliações de risco».
Desta forma, os investigadores estão a realizar um rastreamento dos depósitos de tsunami, a estudar a sua extensão e características em detalhe, e a verificar se, possivelmente, o registo offshore contém provas de mais eventos, fornecendo novos conhecimentos sobre os intervalos de ocorrência. Por outro lado, procuram reconstruir a cursa relativa do nível do mar para o Holocénico, que até agora foi pouco restringida para as Ilhas Shetland, avaliando, assim, com mais precisão as alturas dos paleotsunamis