Inteligência Artificial (IA) e cancro da mama

Pormenores que podem passar despercebidos a olho humano e que, eventualmente, só iriam ser detetados dois anos depois, quando a mulher voltasse a fazer o exame, podem vir a ser detetados e vigiados antes.

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  • 8:06 | Quinta-feira, 30 de Maio de 2024
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No âmbito de um estudo desenvolvido pelo Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, desde o segundo semestre de 2023, estão a ser analisadas centenas de milhares de mamografias – com todo o percurso radiológico e clínico completo – por forma a perceber se a Inteligência Artificial poderia ter contribuído para um melhor estudo desse exame de rastreio, com resultados muito positivos e semelhantes à da qualidade dos radiologistas. Alguns dos resultados preliminares deste estudo foram, esta quarta-feira (29), apresentados em Coimbra.

Com o aparecimento da Inteligência Artificial (IA), e estando esta a ser integrada em estudos atuais, não como substituição de qualquer radiologista, mas como apoio ao trabalho por eles, tornou-se imperativo estudar a adequação e utilidade do Programa de Rastreio de Cancro da Mama.

Desde o início deste ano, o Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRC.LPCC) está, por isso, a realizar uma terceira leitura das mamografias realizadas, associando a IA, complementar às duas já habitualmente feitas pelos radiologistas.


Vítor Rodrigues, presidente da Direção do NRC.LPCC, acredita que com esta terceira leitura seja possível aumentar em cerca de 20% (segundo a ainda escassa evidência disponível a nível mundial) a deteção de cancros da mama. “Pormenores que podem passar despercebidos a olho humano e que, eventualmente, só iriam ser detetados dois anos depois, quando a mulher voltasse a fazer o exame, podem vir a ser detetados e vigiados antes. Ou seja, estamos a avaliar se é possível conseguir uma deteção ainda mais precoce”, conclui.

O estudo está a ser desenvolvido quer numa vertente retrospetiva, através da análise dos resultados de histórico, comparando-os com a classificação atribuída pela IA e, desde fevereiro último, numa vertente prospetiva, isto é, como “coadjuvante” do processo de leitura radiológico realizada pela equipa médica.

O objetivo a curto prazo, explica Vítor Rodrigues, é a possibilidade de uma deteção ainda mais precoce e a obtenção de um equilíbrio entre o número de falsos negativos e falsos positivos, além de que se pretende adequar o algoritmo de IA à população feminina da região Centro.

Para além dos resultados revelados, esta quarta-feira, no Hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra, foi também apresentado o novo equipamento de mamografia da FUJIFILM, o Amulet Sophinity, já instalado numa Unidade Móvel de Rastreio de Cancro de Mama, além de que foi assinado um protocolo de entendimento entre as entidades para disponibilização de tecnologia que melhore o rastreio do cancro da mama, tanto ao nível do que equipamento como da IA.

Também presentes no evento estiveram: Vítor Veloso, presidente da Direção do NRN da LPCC; Pedro Mesquita, diretor-geral da FUJIFILM Portugal e Espanha; e Teiichi Goto, presidente, diretor e CEO da FUJIFILM Holdings Corporation. A cerimónia contou, ainda, com a presença de dirigentes e representantes de diversas entidades na área da Saúde.

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