Impacto da obesidade materna na activação e estimulação

De acordo com a evidência científica atual, o peso materno é o fator não relacionado com o bebé que mais influencia o desenvolvimento da obesidade na infância e ao longo da vida.

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  • 13:17 | Sexta-feira, 14 de Maio de 2021
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O projeto PRIMING, que tem como objetivo compreender o impacto da obesidade materna na ativação e estimulação do sistema imunitário da criança induzido pela microbiota intestinal ao longo do primeiro ano de vida, da autoria de uma equipa de investigadores do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto –, foi o vencedor da 2.ª edição da Bolsa Nacional para Projetos de Investigação, atribuída pela Biocodex Microbiota Foundation. A Prof.ª Doutora Benedita Sampaio Maia e a sua equipa* vão receber um apoio financeiro de 25 mil euros para desenvolverem o projeto.

 


 

“Através do estudo aprofundado do papel da microbiota intestinal disbiótica (desequilibrada) transmitida pela mãe obesa na ativação e estimulação do sistema imunitário da criança, esperamos compreender melhor o papel do microbioma na indução de doenças metabólicas”, afirma a Prof.ª Doutora Benedita Sampaio Maia. Revela ainda que, “os resultados da investigação podem também abrir caminhos para o desenvolvimento de meios de diagnóstico precoce e de estratégias terapêuticas inovadoras e personalizadas, como por exemplo, a manipulação da microbiota intestinal desde os primeiros dias da vida”, e, portanto, mais eficazes.

Segundo a investigadora do i3S e professora da Faculdade de Medicina Dentária da UP, “no início da vida, a aquisição, maturação e estabelecimento do microbioma são moldados por interações entre o hospedeiro e os microrganismos, nas quais a mãe parece desempenhar um papel fundamental como uma das fontes mais importantes de microrganismos para a criança”.

De acordo com a evidência científica atual, o peso materno é o fator não relacionado com o bebé que mais influencia o desenvolvimento da obesidade na infância e ao longo da vida. A Prof.ª Benedita Sampaio Maia sublinha que “a transmissão da microbiota com potencial de promover a obesidade (obesogénica) entre mãe e filho tem sido sugerida como uma possível via de transmissão intergeracional da obesidade”. E acrescenta que “como o início da vida representa uma janela crítica para a estimulação imunitária, a aquisição de uma microbiota intestinal desequilibrada (disbiótica) pode comprometer o desenvolvimento de um sistema imunitário saudável. Assim, o processo de transmissão microbiana poderá comprometer a saúde da criança ao longo da sua vida e de gerações futuras.

Para desenvolverem esta investigação, os autores vão avaliar uma coorte prospetiva de filhos de mães saudáveis ou obesas. O microbioma de amostras fecais de crianças colhidas 1, 6 e 12 meses após o parto será caracterizado e utilizado para estimular in vitro células dendríticas derivadas de monócitos de dadores de sangue saudáveis.

A investigação do i3S/UP será desenvolvida por uma equipa multidisciplinar com experiência em áreas como a Microbiologia, Ginecologia/Obstetrícia, Biologia, Bioquímica e Medicina Dentária, em colaboração com as Faculdades de Medicina e Medicina Dentária da Universidade do Porto, o Hospital Universitário de São João e a Faculdade de Medicina Dentária das Vrije Universiteit e Universiteit van Amsterdam (ACTA).

O tema escolhido para os projetos candidatos à edição 2020/2021 da Bolsa Nacional Para Projetos de Investigação foi a “Microbiota Gastrointestinal e o Sistema Imunitário”. Os projetos foram avaliados por um júri independente constituído pelos quatro membros do Comité Científico da Biocodex Microbiota Foundation em Portugal, que escolheram a investigação do i3S entre uma short list de 14 candidaturas.

No ano passado, a Bolsa tinha como tema a “Microbiota Humana na Saúde e na Doença” e foi atribuída a um projeto de investigação que visava a identificação de perfis específicos de microbiota e metabolitos que possam prever melhores terapêuticas para os doentes com Espondilartrite (SpA) e a Artrite Reumatoide (AR), da autoria dois investigadores da NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, a Prof.ª Doutora Ana Faria e o Prof. Doutor Fernando Pimentel-Santos.

 

 

LEGENDA DA FOTOGRAFIA DA EQUIPA

(da esquerda para a direita):

Fila de trás: Joana Campos, Carla Ramalho, Maria José Oliveira, Inês Alencastre, Ângela Amorim. Fila da frente: Ana Filipa Ferreira, Maria João Azevedo, Benedita Sampaio Maia, Inês Falcão Pires.

 

 

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