O espaço Lafões Cult Lab, em Vouzela, acolhe, desde a passada sexta-feira, dia 24 de março, a exposição “O Tempo das Coisas”. Trata-se de um projeto comunitário realizado pela Associação Binaural Nodar, em parceria com a Universidade Sénior de Vouzela e o Município de Vouzela.
A mostra reúne 40 painéis e a cada um deles está associada uma história, contada na primeira pessoa e cujo ponto de partida é um objeto escolhido pelos seniores, tendo em conta o seu valor afetivo ou as memórias que lhe estão associadas.
A doçaria de Vouzela, os caminhos-de-ferro, o ciclo do linho e da lã, os ofícios do campo, o trabalho na resina e a Guerra do Ultramar estão entre as memórias partilhadas.
Conforme explicou, na inauguração, o coordenador da Binaural Nodar, Luís Costa, o projeto “insere-se num trabalho mais vasto que a associação desenvolve sobre temáticas ligadas à memória, à memória dos lugares, à memória das comunidades e à memória das famílias, porque os lugares são feitos com pessoas. Cada pessoa é, por um lado, individual, com a sua experiência única, origem geográfica, económica, caminhos de vida, escolha e objectos; e, todos juntos, formamos a comunidade”. “No fundo este é um projeto que procura ser humanista. Estamos a trabalhar sobre a dignidade humana. E ao ouvir estas histórias, acabamos por relacionar-nos. ““O Tempo das Coisas” é o tempo da memória, é o tempo da vida”, notou o responsável.
Na exposição participaram seniores não só do concelho mas também de toda a região de Lafões, e de outras zonas de Portugal, Brasil e Inglaterra. Todos têm em comum o fato de estarem ligados à Universidade Sénior de Vouzela.
A apresentação da exposição contou com a presença de muitos alunos e professores da Universidade Sénior e da Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Vouzela, Carla Maia.
A autarca fez questão de realçar que se trata de “um projecto interessante, que acaba por ser transversal a todas as idades, explorando a nossa sensibilidade e emoções”. “Todos nós, desde a infância à fase adulta, vamos tendo objetos com os quais vamos estabelecendo uma relação de afetividade, e com os quais nos identificamos”, notou Carla Maia, realçando que o projeto acabou por motivar o diálogo em torno de peças e memórias que, de outra forma “nem nos lembrámos de falar e refletir”.
A Vereadora deixou a possibilidade de os testemunhos serem agora materializados numa publicação para “perpetuar as histórias para memória futura”.
A Liliana Silva, técnica da Binaural Nodar, coube falar sobre o desenvolvimento da metodologia usada durante o projeto, que teve como mais-valia desafiar os idosos a refletirem “sobre as histórias dos objectos”, e a, “através da partilha individual de cada um, conhecerem-se um pouco melhor”. O resultado, destacou, foi “muito positivo”.
A exposição pode ser visitada até 14 de abril, no espaço Lafões Cult Lab, na Rua do Seixo, nº 5, em Vouzela.
A Binaural Nodar é uma estrutura cultural profissional financiada por apoios bienais da Direção-Geral das Artes, estando localizada na zona de intervenção da Direção Regional de Cultura do Centro.