Foi em março de 1974, durante uma “repérage” para um filme sobre o Parque Mayer que acabou por nunca ser montado, que o reconhecido cineasta Lauro António fotografou o icónico recinto de teatros de revista da cidade de Lisboa, em vésperas do 25 de abril. Estas fotografias históricas estão agora reunidas numa exposição que pode ser visitada no recém-inaugurado Teatro Variedades, agora sob a gestão da LISBOA CULTURA.
As fotografias que aqui se expõem são o resultado dessa “repérage” e o retrato de um Parque Mayer em vésperas da Revolução dos Cravos, com quatro teatros a funcionar: o Variedades, o Capitólio, o Maria Vitória e o ABC (o único que já não se encontra em funcionamento no local). No Parque Mayer, para além dos teatros, a atividade da época era muita e diversa, com um barbeiro, um fotógrafo, bancas de livros, restaurantes, cafés, esplanadas, salão de snooker, farturas e o jogo dos “tirinhos”, entre outros.
A exposição é a memória de um filme nunca filmado sobre o Parque Mayer, visto pelo olhar de Lauro António, e que pode ser visitada no Teatro Variedades até dia 22 de dezembro, de segunda a sexta-feira das 13h às 18h e em dias de espetáculo, até ao seu início.
Presente em centenas de Festivais e Semanas de Cinema Português, venceu diversos prémios – nacionais e internacionais – e vendeu os seus filmes para circuitos comerciais e televisões de dezenas de países na Europa, EUA, África e América Latina.
Foi ainda, entre inúmeras outras funções, crítico e ensaísta de cinema, com mais de cinco dezenas de obras publicadas, e diretor de diversas publicações de cinema e vídeo, tendo-se destacado igualmente ao nível da crítica cinematográfica em numerosas publicações e jornais como o Diário de Notícias, o Diário de Lisboa, O Comércio do Porto, A Bola, entre outros.
O Teatro Variedades tem uma longa história na cidade de Lisboa e uma ligação icónica ao teatro de revista. Foi inaugurado a 8 de julho de 1926 (projeto do Arquiteto Urbano de Castro) com o espetáculo de revista “Pó de Arroz” e a casa de grandes sucessos, com grandes elencos onde se destacam Beatriz Costa, Mirita Casimiro e Vasco Santana.
Foi o segundo edifício de espetáculos no recinto do Parque Mayer, que no passado foi muito popular em Lisboa. Ali foram ainda realizados espetáculos até à década de 90 (em 1992 foi palco da gravação do programa semanal da RTP1 “A Grande Noite”, do encenador Filipe La Féria).
A intervenção realizada no Variedades, edifício agora sob a gestão da LISBOA CULTURA, efetuada pela Lisboa Ocidental SRU, procurou preservar o glamour e a identidade do teatro, e revitalizá-lo enquanto centro de espetáculos adaptado às exigências legais e técnicas contemporâneas.
O projeto, da autoria do arquiteto Manuel Aires Mateus, apostou em soluções construtivas de simplicidade e reabilitou os principais elementos que caracterizam o edifício – o pórtico, o foyer, o auditório e o palco –, completando-o com uma nova envolvente funcional, nomeadamente através da construção de novos espaços de acesso e circulação entre pisos, de apoio e de serviço, e de cariz técnico.
Além de reforçar a oferta para artes performativas, este teatro disponibilizará um novo conceito, enquanto espaço de acolhimento e apresentação para produções independentes e para companhias que não dispõem de espaço próprio.
@José Frade