Em Viseu não há isenções no pagamento da luz e água. Há cultura e isto!

A autarquia, com medidas deste teor tão ao alcance da maioria dos pequenos municípios, tão acessórias num momento de crise, dá mais uma prova do seu esgotamento.

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  • 11:53 | Domingo, 15 de Março de 2020
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O presidente do Governo Regional da Madeira decidiu isentar temporariamente do pagamento de luz e água os moradores e as empresas locais. Isto é agir. Aplausos para ele.

Se no continente, a luz está nas mãos de privados, sendo o maior a EDP, donde nada sai em termos de medidas de apoio excepcionais no momento dificílimo que se vive, a água, na maioria dos concelhos de Portugal ainda é camarária.

Ora de uma autarquia espera-se sempre um serviço aos munícipes. Em tempo de crise como a actual, exige-se solidariedade, medidas substantivas e acrescida preocupação com o bem-estar de todos. O que não é o caso na maioria delas, incluindo a de Viseu.


Uma medida semelhante à tomada pelo presidente do Governo Regional da Madeira seria determinante para apoio dos mais carenciados, dos comerciantes e das empresas, uns naturalmente limitados nos seus exíguos recursos, outros, de portas fechadas ou com limitações profundos à actividade, pondo em risco o emprego de milhares de colaboradores, o que será mais uma calamidade com consequências ainda não aferidas.

As autarquias, salvo louváveis excepções, estão a reagir e não a agir, e mesmo a reacção, se existe, vem com um inexplicável atraso. No caso da autarquia de Viseu, o executivo parece ter metido férias.

Se exactamente há dois anos, por imperiosidade de mediatismo pessoal e numa acção no geral tão bacoca quanto desproporcionada à realidade, decorria o charivari dos camiões cisterna, pago a meias pelas contas de autarquia e pelo poder central, hoje, do autarca local, pouco se sabe. Talvez esteja em quarentena como o presidente da República

Ou então, como um ventríloquo, ouve-se a voz do vereador Sobrado, que só tem razão de existir, enquanto responsável pelo turismo e cultura numa acção centrada em actividades colectivas, saindo do seu “desemprego” temporário para fazer um videozinho de 5 minutos onde dá corpo à próxima e determinante actividade a decorrer na biblioteca municipal, nos tempos “estranhos” que vivemos, propondo um “bálsamo” e um “refrigério”… para de seguida ler claudicantemente extracto de um dos seus livros preferidos. Não, não é de um autor português, é de um norueguês, de seu nome Erling Kagge, e intitula-se “A Arte de Caminhar”.

Penosa audição e muita falta de imaginação e de relação com o real que decorre. Provavelmente, para a semana, irá para a varanda do município com dois testos nas mãos, chocalhar pratos para animar a malta…

Ou então, sugerimos-lhe que vá exercer “A arte de caminhar” para a Ecopista do Dão, num estado de quase abandono, crescente degradação e sujidade, não castigando ainda mais os viseenses com tais “secas”.

Sobrado, sem o palco das festas, quase parece um parolo cómico (sem ofensa aos parolos, nos quais me incluo).

A autarquia, com medidas deste teor tão ao alcance da maioria dos pequenos municípios, tão acessórias num momento de crise, dá mais uma prova do seu esgotamento.

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