A Garrafa de Jorge Álvares e o Prato com o brasão dos Almeidas ou Mellos, pertencentes à colecção de arte do Museu do Caramulo, foram emprestadas para integrar a exposição “The Porcelain Room: Chinese Export Porcelain”, patente na Fundação Prada, em Milão, até 28 de Setembro.
O Museu do Caramulo possui, no seu acervo, um conjunto de cinquenta peças de cerâmica chinesa, entre as quais se encontram peças produzidas nos principais períodos de comércio entre a China e o mundo ocidental, de meados do século XVI ao século XIX.
A exposição, que conta com a curadoria de Jorge Welsh e Luísa Vinhais que explora o contexto histórico, a finalidade e o impacto da porcelana chinesa de exportação. “The Porcelain Room” exibe mais de 1700 porcelanas, fabricadas entre os séculos XVI e XIX, para diferentes mercados, grupos sociais e religiosos, demonstrando assim a eficiência dos produtores chineses.
Como um dos mais célebres exemplares da presença pioneira dos portugueses na China, destaca-se a Garrafa de Jorge Álvares, datada de 1552, decorada em tons de azul cobalto sob o vidrado, apresentando uma das primeiras inscrições em língua portuguesa, na porcelana chinesa. Na inscrição em posição invertida pode ler-se “isto mandou fazer Jorge Álvares, reina a era de 1552”.
Ao centro da base, inscrita em duplo círculo, vislumbra-se a divisa Wanfu Youtong, leia-se “que infinitas felicidades acompanhem todos os teus negócios”.
A inscrição não se refere a Jorge Álvares o primeiro português a chegar à China em 1513, mas a um outro navegador Jorge Álvares, capitão de um navio, comerciante e amigo de São Francisco de Xavier, que terá acompanhado Fernão Mendes Pinto na sua segunda viagem ao Japão.
O Prato com o brasão dos Almeidas ou Mellos, produzido no final do século XVII, é um dos primeiros exemplares a ser fabricado na designada Kraakporselein, comprovando que foram os portugueses os primeiros a encomendar este estilo de peças, de características que anunciam o fabrico em grande quantidade. As kraak, de porcelana fina decorada a azul cobalto sob o vidrado brilhante e ligeiramente azulado, com um tema central que poderá incluir flores, aves, insectos e gamos, a caldeira e aba tratadas como uma só e divididas em painéis geralmente preenchidos com flores e motivos simbólicos, são geralmente associadas à Companhia das Índias Orientais holandesa (Vereenigde Oostindische Compagnie – VOC), que a partir de 1605 passava a controlar o comércio da porcelana chinesa.