Dia Mundial da Saúde. Insatisfação dos utentes com o setor aumentou.

Mais de 1200 queixas no primeiro trimestre. Assistência médica inadequada ou recusada, dificuldade de marcação de consultas e elevados tempos de espera entre os principais motivos de reclamação dos utentes.

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  • 11:25 | Terça-feira, 08 de Abril de 2025
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No primeiro trimestre do ano, foram dirigidas às entidades de saúde públicas e privadas mais de 1.200 reclamações, um crescimento na ordem dos 5% face ao mesmo período de 2024. Assistência médica inadequada ou recusada, dificuldade de marcação de consultas, elevados tempos de espera estão entre os principais motivos de reclamação dos utentes. Os prestadores de saúde privados absorvem o maior volume de queixas e a entidade mais reclamada é o grupo CUF. No setor público, os centros de saúde são o alvo mais visado.

Em Portugal, a insatisfação dos utentes com os prestadores de cuidados de saúde do sistema público e do sistema privado continua a aumentar, aferiu um estudo com base nos dados do Portal da Queixa efetuado pela Consumers Trust Labs por ocasião do Dia Mundial da Saúde, que se assinala a 7 de abril.

Entre os dias 01 janeiro e 31 março de 2025, foram registadas no Portal da Queixa 1.233 reclamações relacionadas com a área da Saúde, um crescimento de 5,4% em comparação com o mesmo período de 2024, onde se observaram 1169 queixas contra o setor da Saúde.


Segundo a análise, entre os principais motivos de reclamação dos utentes dirigidos às entidades de saúde do setor público está o mau atendimento, onde são reportados casos de assistência médica inadequada ou recusada (40% das queixas); a dificuldade de marcação de consultas (16%); falhas na assistência médica (15%) e os elevados tempos de espera (4%).

Relativamente ao sistema privado, a motivar a insatisfação sobre os prestadores de cuidados de saúde estão, sobretudo, queixas por assistência médica inadequada (17%); a falta de stock medicamentos nas farmácias(16%); os elevados tempos de espera (15%) e as falhas na assistência médica a gerar 14% das reclamações geradas no primeiro trimestre.

 

Sistema privado é o mais reclamado

De acordo o estudo, verificou-se que o sistema privado é o mais visado, ao ser alvo de 767 reclamações durante o primeiro trimestre, registando uma variação de crescimento de 6,2%, em relação ao mesmo período de 2024, onde foram participadas 723 queixas. No sistema público, observa-se a mesma tendência de subida (4.7%), resultado das 466 reclamações apresentadas este ano, face às 446 registadas no período homólogo do ano passado.

 

Prestadores de saúde mais visados

No SNS, os centros de saúde recolheram a maior fatia de queixas (35%). Já no setor privado, entre as unidades hospitalares, o grupo CUF foi o mais visado (41%) e na subcategoria clínicas, a Unilabs foi a mais invocada nas reclamações (14%). Na subcategoria farmácias e parafarmácias, a Wells, marca de saúde e bem estar do grupo Sonae, foi a mais reclamada (42%).

 

Especialidade com mais queixas

No estudo, foram ainda identificadas as especialidades de saúde – do setor público e privado – que reúnem o maior número de reclamações e que evidenciam áreas críticas onde a experiência do utente continua fragilizada. A Pediatria e a Obstetrícia são as especialidades mais mencionadas pelos utentes nas ocorrências. Seguem-se os serviços de Oftalmologia, Ortopedia e Urologia. Destacam-se ainda os problemas referentes a Cirurgia, reportados em 27% das queixas deste ano.

De referir que para este estudo foram analisadas 12 subcategorias de prestadores de saúde do sistema público e privado. Das 1.233 reclamações que chegaram ao Portal da Queixa, 69% foram registadas por utentes do género feminino e 31% pelo género masculino. Entre as faixas etárias que mais se queixaram, destacam-se as pessoas entre os 35-44 anos, responsáveis por 27% das reclamações geradas no primeiro trimestre deste ano.

 

Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa, explica que: “Este estudo visou identificar os principais fatores de insatisfação dos utentes, avaliar a performance das instituições de saúde e destacar áreas críticas para melhoria da experiência do consumidor no setor da saúde em Portugal. O relatório permitiu identificar um cenário de instabilidade preocupante no setor e problemas estruturais que continuam por resolver.”

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