Há ocorrências que além de serem modelares são um excelente exemplo para muitos de nós.
É o caso do Clube de Leitura de Pravia, nas Astúrias, onde se congregam quatro dezenas de leitores para, em torno da literatura, selecionarem obras, procederem à sua leitura e discutirem os seus enredos, ampliando a ficcionalidade das intrigas até ao ponto de desejarem conhecer a vida dos escritores, fazer o seu roteiro literário/biográfico e aprofundar o seu conhecimento.
As faixas etárias são plurais e alargadas, as profissões são variadas, o denominador comum é a paixão pelos livros, a franquíssima convivialidade e um substracto académico e cultural invejável.
No dia 2 de Maio, no Clube de Viseu foi o nosso primeiro encontro proporcionado por Amadeu Teixeira e que contou com a adjuvância do seu presidente Álvaro Meneses. Aí, tivemos o gosto de, numa fecunda tertúlia, trazer a lume o romance supra referido, sugerir uma perspectiva de leitura e, ainda, para além do salutar convívio, trazer à colação a vida coesa e coerente do Escritor.
Dia 4 de Maio, saída de Viseu por volta das 08H45 rumo a Soutosa para visita da FAR, Fundação Aquilino Ribeiro, conhecer o seu exterior, o interior e tomar contacto com o ancho espólio bibliográfico do Escritor.
De seguida rumámos à Lapa para visita do Colégio onde estudou de 1895 a 1900, do Museu dos Ex-Votos e, naturalmente o Santuário, como ponto alto dessa etapa.
Direitos ao Convento da Tabosa para darmos a conhecer o último convento cisterciense feminino de Portugal, visitarmos a Igreja da Nª Sª da Assunção e trazer à boca de cena “O Valeroso Milagre” cuja acção ali se desenrola.
Rumo ao Carregal com vista do Pátio dos Sanhudos, onde Aquilino nasceu a 13 de Setembro de 1885.
Chegava o momento do almoço, já eram quase 14H00, no Convento Rural do Freixinho. Momento alto da confraternização entre todos, muito apreciado sendo o local e a gastronomia regional à mesa convocada.
Descemos à sede do Concelho, Sernancelhe com visita da Biblioteca Abade Vasco Moreira onde se juntou aos estudiosos o presidente da autarquia, Carlos Santos. De seguida, coube o ensejo de conhecer a Igreja Matriz e de descobrir com Sandra Lopes o capitel asturiano aí presente, datado do século IX, e concluir a passagem pelo centro histórico com a visita ao Museu Pe. Cândido Azevedo.
A derradeira etapa decorreu no Centro Interpretativo da Castanha Martaínha, onde se ampliou o conhecimento do concelho, nas suas vertentes patrimoniais, sociais e económicas, com degustação de produtos confeccionados em torno daquele conceituado produto, com o bom acolhimento da Daniela e da Sandra.
De salientar a empenhada colaboração das funcionárias da FAR, do Reitor da Lapa, Pe. Carlos Caria e de Ana Nunes, do Sr. José da Tabosa, do presidente da JF do Carrregal, Vítor Rebelo, dos colaboradores do Hotel Rural do Freixinho, de Sandra Lopes e Carla Caria, da biblioteca, da Daniela e da Sandra, do Centro Interpretativo da Castanha, do chefe de gabinete do Presidente, Paulo Pinto e do próprio presidente, Carlos Santos.
Deixamos aqui o testemunho de Cristina Jerez Prado…
“Iniciamos a viagem de regresso saboreando ainda o magnífico dia que passámos ontem visitando os locais aquilianos dos municípios de Sernancelhe e Moimenta da Beira. Estamos cientes de que vivemos momentos únicos e irrepetíveis, só possíveis pela companhia e orientação de Paulo Neto, que sabe tudo sobre a vida e a obra de Aquilino Ribeiro e além disso sabe comunicar com paixão, entusiasmo e humor. Foi um verdadeiro luxo conhecê-lo e agradecemos de coração todo o tempo e esforço que nos dedicou. Deixamos-vos algumas imagens da Fundaçao Aquilino Ribeiro em Soutosa, do Colégio da Lapa, o convento de Tabosa, cujo interior pudemos ver graças à generosidade de José, a casa natal de Carregal, o Convento de Freixinho, onde desfrutamos de uma boa e abundante refeição e Sernancelhe, por onde outros asturianos andaram lá no século IX. Em Sernancelĥe, onde o Presidente da Câmara, Carlos Santos, teve a gentileza de nos receber na Biblioteca Municipal Abade Vasco Moreira juntamente com Sandra, a sua bibliotecária, vimos um povo vivo e com futuro. Um povo que soube transformar as formas de vida tradicionais num projeto inovador e sustentável que está conseguindo fixar população e atrair novos habitantes. Para tirar o chapéu! Voltaremos seguramente e esperamos que eles também possam vir conhecer nossa terra.”