Contra os canhões, marchar, marchar…

Estas confusões podem acontecer no meio de tanta escuta. Até porque errar é humano. Porém, o MP não admite ter errado, mantendo-se convicto e assertivo quanto à sua actuação. O que, naturalmente, sossega os portugueses, povo afável e respeitador de todos os pilares da sua cinquentenária democracia, Justiça incluída.

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  • 19:08 | Domingo, 12 de Novembro de 2023
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Vivem-se hoje em Portugal momentos de grande ebulição política.

Os canais de TV estão de madrugada a madrugada a repetir os mesmos conteúdos acerca da demissão do Primeiro-Ministro António Costa, por invocadas suspeitas do Ministério Pública da sua envolvência no processo “Influencers“.

António Costa, perante os factos que lhe foram assacados no último parágrafo  de um comunicado de imprensa da PGR, datado de 7 deste mês, achou não ter condições para continuar à frente do Governo:


“No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente.”

O senhor presidente do STJ, Henrique Araújo, em entrevista uns dias antes ao jornal “Nascer do Sol”, veio denunciar “a corrupção instalada” nas altas instâncias governativas, naquilo que o advogado de Lacerda Machado, Magalhães e Silva assim referiu: “As declarações do presidente do Supremo Tribunal de Justiça são declarações de tasca ou de café”.

Perante a gravidade desta declaração, Henrique Araújo ainda não tomou nenhuma atitude em sua própria defesa. O presidente do STJ, que nessa mesma entrevista saiu a criticar o poder político por não dar ao sector judicial a necessária prioridade.

Muito fundamentada em escutas telefónicas captadas, esta acusação do MP, soube-se hoje, confundiu uma escuta onde se referia António Costa Silva, o ministro da Economia e do Mar, com António Costa, o primeiro-ministro.
Estas confusões podem acontecer no meio de tanta escuta. Até porque errar é humano. Porém, o MP não admite ter errado, mantendo-se convicto e assertivo quanto à sua actuação. O que, naturalmente, sossega os portugueses, povo afável e respeitador de todos os pilares da sua cinquentenária democracia, Justiça incluída.

Hoje, domingo, dia 12 de Novembro, no meio da algazarra dos cabeças de lista dos partidos políticos da oposição, que já começaram não oficialmente mas efectivamente com a campanha para as eleições de Março, no Campus da Justiça “cercado” pelas televisões aguarda-se o conhecimento das medidas de coacção dos cinco detidos desde 9 do corrente.

Decerto que o MP vai acelerar, com serenidade, isenção e o habitual rigor, as diligências para o apuramento da verdade. A verdade que todos os portugueses esperam conhecer, de forma mais abrangente e substanciada do que aquela que tem vindo a ser divulgada a conta-gotas, de dados do processo em segredo de Justiça.

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