Cientistas usam resíduos de plantas invasoras para desenvolver condicionador de cabelo amigo do ambiente

Os investigadores acreditam que este produto «poderá ter um elevado impacto na indústria do cuidado capilar, uma vez que vai permitir a substituição de compostos produzidos a partir de matérias-primas não renováveis, como o petróleo, e outras obtidas a partir de matérias-primas necessárias na alimentação humana e animal, como o óleo palma»

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  • 10:53 | Quarta-feira, 12 de Abril de 2023
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O interesse dos consumidores por produtos mais amigos do ambiente é cada vez maior e, consequentemente, a indústria está a investir em produções e métodos mais sustentáveis. Com foco nesta tendência, uma equipa de cientistas do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver um condicionador de cabelo a partir de resíduos agroflorestais e de espécies invasoras.

O projeto Lignin for hair «pretende preparar novos derivados catiónicos da lignina para serem usados como condicionadores nos produtos capilares e assim, constituírem uma melhor alternativa aos agentes tradicionais. A lignina será obtida por extração de materiais lignocelulósicos por via de procedimentos ambientalmente mais eficientes e sustentáveis», explica Luís Alves, investigador do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF) do DEQ, acrescentando que a lignina, o segundo polímero mais abundante em materiais lignocelulósicos, como a madeira, serve como “cola” de todos os constituintes desses materiais.

Apesar de se encontrar ainda em fase inicial, o projeto já apresenta alguns avanços positivos. «Já temos resultados relacionados com o processo de fracionamento com recurso a solventes de origem sustentável, baseado no conceito de economia circular uma vez que um deles é obtido a partir da madeira», revela a equipa do DEQ.

No entanto, para chegar ao produto final será necessário «extrair e caracterizar a lignina a partir de resíduos agroflorestais ou de espécies invasoras explorando solventes com componentes de origem natural. Numa segunda fase, a lignina extraída será quimicamente modificada de modo a interagir com as fibras capilares e promover o efeito condicionador. Nesta modificação também serão priorizadas metodologias sustentáveis. Já a terceira fase será dedicada à avaliação da eficácia do produto», descreve a equipa da FCTUC.


Os investigadores acreditam que este produto «poderá ter um elevado impacto na indústria do cuidado capilar, uma vez que vai permitir a substituição de compostos produzidos a partir de matérias-primas não renováveis, como o petróleo, e outras obtidas a partir de matérias-primas necessárias na alimentação humana e animal, como o óleo palma», concluem.

O Lignin for hair, projeto que terá a duração de 18 meses, é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e conta com a participação de investigadores do DEQ e da Universidade do Algarve.

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