Cartões de crédito: queixas por phishing disparam

A situação pandémica e as medidas de confinamento que assolaram o país potenciaram a exposição do tempo em ambiente digital e o crescente recurso ao comércio eletrónico. Um dos resultados foi o incremento do cibercrime, nomeadamente, com a explosão do número de crimes relacionados com o uso fraudulento de cartões de crédito.

  • 13:05 | Terça-feira, 20 de Julho de 2021
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Desde o início do ano até 15 de julho, as queixas gerais relacionadas com cartões de crédito e pagamentos duplicaram face a 2020, uma subida que foi transversal a todas as entidades inseridas nesta categoria (Cartão Universo, Cartão WiZink, Cartão Revolut e Cartão Cyrana).

O Portal da Queixa recebeu 943 reclamações dos consumidores relacionadas com cartões de crédito e pagamentos. Entre 1 de janeiro e 15 de julho deste ano, verificou-se um crescimento de 130%, face ao período homólogo, onde foram registadas apenas 404 reclamações. Um dos principais motivos que fez disparar as reclamações dos consumidores refere-se aos ataques por phishing. A WiZink é a marca vais visada por estes esquemas de fraude.

A situação pandémica e as medidas de confinamento que assolaram o país potenciaram a exposição do tempo em ambiente digital e o crescente recurso ao comércio eletrónico. Um dos resultados foi o incremento do cibercrime, nomeadamente, com a explosão do número de crimes relacionados com o uso fraudulento de cartões de crédito. Uma realidade que tem sido evidenciada através dos vários casos reportados pelos consumidores junto do Portal da Queixa.


De acordo com a análise feita pela maior rede social de consumidores de Portugal, desde o início do ano até 15 de julho, as queixas gerais relacionadas com cartões de crédito e pagamentos duplicaram face a 2020, uma subida que foi transversal a todas as entidades inseridas nesta categoria (Cartão Universo, Cartão WiZink, Cartão Revolut e Cartão Cyrana). Este ano, o principal alerta vai para o aumento exponencial das reclamações relacionadas com phishing, e os prejuízos causados pela alegada falta de segurança na utilização dos cartões de crédito.

A análise revela que, depois do elevado número de casos identificados com o Cartão Universo – que resolveu cerca de 80% das reclamações registadas no Portal da Queixa -, o Cartão WiZink é o mais recente visado destes esquemas de fraude. O aumento e gravidade dos casos reportados originaram mesmo a criação – por parte dos consumidores utilizadores do Portal da Queixa -, de um grupo online intitulado “Lesados WiZink”, que já conta com 25 pessoas que, alegadamente, entre abril e maio, perderam 130 mil euros nos cartões de crédito WiZink.

Patrícia Furtado foi uma das vítimas de um esquema de fraude através do cartão WiZink, com um prejuízo de quase 10 mil euros: “No passado dia 15 de maio fui vítima de Phishing, através do meu cartão Wizink, após ter recebido um email e uma sms sempre pelo remetente Wizink.pt e Wizink. No momento em que a fraude decorreu recebi um telefonema da SIBS onde me confirmaram estar a ser vítima de fraude, pois teriam efetuado transferências de 300€ e outra 4.700€, disseram que iriam cancelar de imediato o meu cartão, (cartão esse que ainda nem sequer eu tinha ativado), no entanto para além destas transferências, ainda foi feita uma outra de 4.100€, perfazendo o total de 9.100€.”

Ivo Dias também partilhou no Portal da Queixa, a sua experiência negativa através da reclamação que dirigiu à entidade WiZink: “No dia 18/05/2021 recebi um email do Banco WiZink, a informar do extrato do meu cartão de crédito. Ao aceder ao site, verifiquei dois movimentos que não reconheci, à entidade Binance.com, realizados no dia 14/05/2021, nos valores de 3.100,00€ e 950,00€. Tais movimentos não foram autorizados por mim e não recebi qualquer SMS para confirmar/autorizar, sendo que qualquer movimento carece do código de SMS e o respetivo valor da transação. De imediato, procedi ao cancelamento do cartão de crédito, através do site e remeti um email a participar a situação.”

Pedro Pereira, lesado em 4.200€, também denunciou o seu caso no Portal da Queixa: “Fui vítima de phishing. Um dia depois de ter recebido o cartão de crédito na caixa de correio respondi a um email para o ativar. Foram feitos 5 movimentos no valor de cerca de 4.200€ sem ter recebido nenhum código para os confirmar.”

Clarisse Cunha é outra das lesadas que registou a sua reclamação no Portal da Queixa: “No passado dia 13 de maio, fui vítima de phishing. No dia 21 pelas 15h30 fui verificar o meu extrato do cartão Wizink, pois estava à espera de uma devolução de uma compra e verifiquei que havia dois movimentos no dia 13/05 que não foram feitos por mim. Muito admirada, liguei para linha de apoio ao cliente Wizink para saber que pagamentos eram aqueles e fui informada que talvez tenha sido vítima de burla e foi me dito como proceder para seguir para os movimentos não reconhecidos, sendo meu cartão logo bloqueado.”

De acordo com os dados do Centro Nacional de Cibersegurança, no ano passado, foram registados 1418 casos de cibercrime. Destes, 649 referem-se a fraudes, com destaque para os esquemas por phishing, que dispararam de 236 para 613.

Segundo aponta o Relatório Anual de Segurança Interna 2020 (RASI), as práticas de fraude têm sido facilitadas pela “crescente facilidade e normalidade do recurso ao comércio eletrónico, frequentemente sem as necessárias e adequadas regras de segurança.”

Na visão de Pedro Lourenço, CEO e Founder do Portal da Queixa by Consumers Trust:

“Nos próximos tempos, com o natural crescimento na utilização de equipamentos tecnológicos e digitais, o grande problema da sociedade será certamente a insegurança dos dados pessoais e financeiros dos consumidores. Grandes mudanças, trazem igualmente grandes riscos para todos, e para os combater nada melhor que o conhecimento, que infelizmente tem faltado a grande parte dos novos consumidores digitais, que começam a sentir, cada vez mais, a necessidade de utilizarem mecanismos tecnológicos que não dominam, por forma a não se sentirem infoexcluídos. Hoje, para qualquer um de nós aventurar-se online, basta ter um telefone com acesso à internet. É urgente que os responsáveis governamentais ajam em prol dos interesses dos consumidores, com vista a garantir-lhes um acesso seguro, capaz e com a equidade necessária.”

Campanha #NãoSejasPato promove literacia digital

 

Recorde-se que, atento à nova sociedade digital que emergiu em força em pleno contexto pandémico e a pensar na defesa dos consumidores portugueses face aos perigos online que se escondem à espreita, o Portal da Queixa lançou no final de 2020, a campanha #NãoSejasPato que visa aumentar a literacia digital da população e evitar que esta caia em burlas e esquemas fraudulentos. Este movimento cívico nacional de educação para o consumo digital, integra como entidades parceiras do projeto: o OLX, o MB WAY, a Worten, os CTT, o KuantoKusta e o euPago

 

NOTA: Todas as reclamações no âmbito da Categoria Cartões de Crédito e Pagamentos poderão ser consultadas publicamente em: www.portaldaqueixa.com

 

Sobre o Portal da Queixa

O Portal da Queixa é visitado por mais de 3 milhões de consumidores por mês e recebe uma média mensal de 15.000 reclamações. Tem mais de 700.000 utilizadores registados e 9.000 marcas estão presentes na plataforma. A maioria das pessoas procura a plataforma para comunicar diretamente com outros consumidores, marcas e entidades públicas, bem como, para compararem marcas com base no Índice de Satisfação. Mais de 90% dos visitantes do Portal da Queixa, não efetua uma reclamação, pesquisa informações sobre uma marca ou serviço antes de proceder à decisão da compra final. O crescimento exponencial e a consolidação do Portal da Queixa como um dos principais influenciadores nacionais em matéria de consumo, permitiu alcançar um novo posicionamento ao internacionalizar a sua plataforma para mercados com Espanha (Libro de Quejas) e África do Sul (Complaints Book), através do lançamento da sua rede global: Consumers Trust.

 

Nota do editor: Phishing é uma técnica de crime cibernético que usa fraude, truque ou engano para manipular as pessoas e obter informações confidenciais.

 

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