A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, reunida dia 23 de Março de 2025, ratificou os primeiros dois candidatos pelo Círculo Eleitoral de Viseu:
1 – David Santos, 38 anos, Técnico de Farmácia e Escritor
2 – Fátima Teles, 43 anos, Artista Plástica e Professora
David Santos, pelo próprio:
“Meu nome é David Santos, tenho 38 anos e vivo no concelho de Mangualde. Sou o produto de uma divergência entre aquilo que o Estado Social me proporcionou no que respeita à minha formação académica e aquilo que as crises económicas sucessivas no meu país não permitiram em termos de realização profissional. Trabalhei em fábricas da indústria automóvel, pastelarias, restaurantes e até em montagem de palcos para festas populares. Conheço desde a esgotante realidade dos trabalhos por turnos até aos horários asfixiantes da restauração. Conheço igualmente a precariedade laboral e o que é contar cada euro para esticar o salário até ao final do mês. Atualmente trabalho numa farmácia graças a uma formação profissional tirada enquanto estava no desemprego.
Gosto de hip-hop, punk, techno e música clássica. Sou viciado em cinema e amante da literatura, entre o romance e a poesia. Tenho mestrado em ciência política e doutoramento em filosofia. A minha formação académica e também cívica devo-a a uma universidade do Interior do país como a UBI.
Apesar de desde cedo ter sido pelas circunstâncias obrigado a lutar pela minha independência e autonomia, isso não fez com que alinhasse na ideia liberal de que a vida é uma guerra de todos contra todos pautada pelo egoísmo. Sou sensível à ideia de que há um povo anónimo e invisibilizado que todos os dias se levanta para fazer a cidade, o país, o mundo. A minha paixão é a igualdade de todos perante todos e o meu fim a liberdade. Politicamente não podia deixar de ser esquerda porque esquerda é o movimento dos de baixo contra a exploração e a opressão dos de cima. A fé inabalável na vontade coletiva como motor da história é o que move contra o culto do individualismo e o fanatismo ideológico dos projetos mais obscurantistas do nosso século.”
Fátima Teles, pela própria:
“O meu nome é Fátima Teles, tenho 43 anos, sou natural do concelho de Penedono e vivo em Viseu há 16 anos. Como tantos outros, tive de sair da minha terra cedo para poder estudar. Viseu acolheu-me durante o ensino secundário e, mais tarde, quando concluí a minha licenciatura. Sou Licenciada em Artes Plásticas – Pintura pela Escola Superior de Tecnologia de Tomar e Mestre em Ensino das Artes Visuais pela Universidade do Porto. Hoje, sou Artista Plástica e Docente de Artes Visuais.
Acredito na justiça social e na construção de um mundo mais justo. Não aceito a retórica do “mérito” que ignora as desigualdades estruturais. O mundo em que vivemos não é obra do acaso – foi construído com base em relações de poder que privilegiam uns e silenciam outros.
Num sistema marcado pelo patriarcado, pelo capitalismo desenfreado, e por múltiplas formas de opressão, ter consciência crítica significa compreender que a nossa luta nunca é apenas nossa. As conquistas das mulheres nunca foram oferecidas, tiveram de ser arrancadas com esforço, resistência e solidariedade. A luta pelos direitos das mulheres não pode ser separada da luta dos trabalhadores e das minorias. Não basta reivindicar espaços dentro deste sistema – é preciso transformá-lo. E isso só se faz através da mobilização coletiva, nunca pelo individualismo imposto como solução.
A arte e o ensino são, para mim, formas essenciais de estimular o pensamento crítico sobre o que nos rodeia. São ferramentas para abrir caminhos, dar voz ao que querem calar e imaginar futuros diferentes. Porque um mundo mais justo não nasce do conformismo, mas da luta. E a luta não se faz sozinha – faz-se com todos e todas aquelas que acreditam que é possível mudar a sociedade, para que todos e todas possam viver com dignidade num mundo mais justo.”