O Portal da Queixa recebeu, este ano, perto de 25 mil reclamações relacionadas com burlas online, um crescimento de 37%, em relação ao período homólogo de 2022. A maioria das queixas refere-se a alegados esquemas online, onde os consumidores ficam sem o produto, sem resposta e sem o dinheiro. Segundo os dados analisados, o valor estimado dos prejuízos resultantes das burlas reportadas pelos consumidores ultrapassa os cinco milhões de euros.
Em Portugal, continuam a aumentar os casos de burla, com especial incidência no meio online. Uma análise do Portal da Queixa revela que, este ano, os consumidores portugueses registaram cerca de 25 mil ocorrências na plataforma com referência a burlas. A maioria das reclamações apresentadas denuncia alegados esquemas online.
Segundo indicam os dados analisados, este ano, o valor total estimado em prejuízos já ultrapassa os cinco milhões de euros (5.020 831.92€), um valor médio de 364 euros.
A análise aferiu que a maioria das denúncias reportadas está relacionada com casos de compras em lojas online, onde os consumidores se queixam de ter encomendado e pago um produto que não chegaram a receber, ficando sem resposta (por parte da marca/vendedor) e sem o reembolso do dinheiro.
A não execução dos pedidos de reembolso – após a não receção do produto – é assim o principal motivo de queixa apresentado, gerando 57,8% das reclamações inseridas em situações de burla. Outro motivo apontado pelos burlados está relacionado com os problemas no contacto/resposta da marca a acolher 7% das queixas. São casos em que os consumidores reportam dificuldades no atendimento ao cliente e a falta de feedback do vendedor.
Paulo Rodrigues é um dos casos onde é denunciada a não entrega da compra feita à loja online Teckmi, no valor de mais de mil euros, nem o reembolso do valor: “Encomenda nunca fornecida, nem devolução do valor de 1.003 euros”.
António Pereira é outro consumidor que se assume burlado e acusa a loja Gtech de “Burla, fraude e vigarice”. Na reclamação registada no Portal da Queixa, descreve: “Comprei uma TV Led no valor de 469 euros em 18/03/2022 e até à data de hoje não a recebi, nem foi feito qualquer reembolso. Será que com tantas queixas não existem autoridades para averiguar e que se passa com estas fraudes e continuam no ativo sem que se faça nada a esse respeito.”
Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa, lamenta o aumento de casos na plataforma e defende a promoção da literacia digital entre os consumidores. “A falta de literacia digital na sociedade portuguesa já é equivalente ao problema do analfabetismo de há 40 anos e não atinge apenas os mais velhos. De acordo com a OCDE, em Portugal, um em cada três alunos de 13 anos de idade não possui competências digitais básicas. Infelizmente, esta realidade só poderá ser invertida com a partilha de conhecimento, assente numa estratégia alargada, não dependendo apenas das entidades governamentais – que deverão ser as principais potenciadoras – mas de todos os interessados na jornada digital dos consumidores portugueses. É nossa obrigação contribuir para o aumento da literacia digital, criando mecanismos de defesa, ações e conteúdos pedagógicos, ensinando de forma direta e objetiva como utilizar os canais online, já que deviam ser os organismos do estado a assumir a dianteira.”
Denúncias de cibercrimes aumentaram em 2023
Recorde-se que, de acordo com o último relatório da Procuradoria-Geral da República (PGR), nos primeiros seis meses de 2023, o Gabinete Cibercrime do Ministério Público recebeu 1.363 denúncias de cibercrime, mais 511 do que em igual período de 2022.
O documento destaca também o aumento de denúncias, como as burlas relacionadas com vendas através de diversas plataformas de compras e vendas online, burlas no mercado imobiliário, que consistem em propostas de arrendamento de imóveis que não existem, e burlas relacionadas com investimentos em criptoativos. A tipologia criminosa mais reportada, entre janeiro e junho, ao Gabinete Cibercrime foi a do phishing, num total de 209 participações, tendência que se mantém, informa a PGR.
Sobre o Portal da Queixa by Consumers Trust:
O Portal da Queixa é uma plataforma global de comunicação entre consumidores e marcas que foi criada em junho de 2009. Hoje, posiciona-se como uma referência nacional em matéria de consumo e o maior marketplace de reputação que permite pesquisar, reclamar e comparar qualquer marca gratuitamente. O crescimento exponencial e a consolidação da plataforma em Portugal, permitiu alcançar um novo posicionamento ao internacionalizar a sua plataforma para mercados com França (Réclame Ici), Espanha (Libro de Quejas), África do Sul (Complaints Book) e Reino Unido, através do lançamento da sua marca global: Consumers Trust.