Na última reunião da Assembleia Municipal de Viseu, a deputada da CDU, Filomena Pires, na rubrica “Informação do Presidente”, teve a seguinte intervenção:
“A informação do Senhor Presidente à Assembleia desenvolve-se em emaranhadas linhas cruzadas que vão do auto-elogio crónico e impenitente, à política do passa culpas quando corre mal, seguindo pela contradição flagrante entre as isoladas virtudes municipais e o choque com a realidade quando os “méritos” são analisados globalmente, até à repetição ad nauseam de realizações e obras municipais indefinidamente adiadas, cuja falta de concretização é incompreensível à luz da enfatizada teoria dos “cofres cheios”.
A doentia fixação municipal nos prémios, nos rankings, nos pódios é outro sofisma utilizado para fazer crer que existem respostas únicas e eficazes aos problemas das populações. Todos sabemos em função de quê e as razões pelas quais estes prémios e pódios são atribuídos. Ainda está fresco na memória aquele prémio de desporto atribuído pela entidade que vinha realizar um seu evento a Viseu com o apoio do Município.
Sobre a dramática situação de pandemia que também vivemos no concelho, somos informados que a Câmara atribuiu uma generosa ajuda de 40 mil euros às 53 IPSS que operam no nosso território. Parece muito? Pura ilusão. Se fizermos a divisão verificamos que coube a cada instituição 750 euros. AS IPSS ficaram também excluídas do PADAF, acusadas do “crime” de terem comprado carrinhas para o transporte dos seus utentes com o dinheiro do subsídio. Curioso que o Executivo não utilize o mesmo rigor para os clubes que utilizam o subsídio para outros fins, nomeadamente para pagar salários a profissionais. Fica assim dimensionado o “esforço da autarquia no apoio às IPSS do Concelho”. Por isso a Ordem dos Psicólogos atribuiu mais uma medalha ao Município premiando a prática municipal das “Comunidades Pré-envelhecimento”.
No que respeita ao valor e meandros dos prémios, a cereja no cimo do bolo aconteceu com a realização do “Art&Tur”. Em face da informação em nossa posse, podíamos resumir assim o que realmente se passou: A Viseu Marca produz filmes turísticos muitos bons, mas ninguém os premeia (como se fosse esse o fim a que se destinam). Em face dessa ostracização e injustiça dos festivais da sétima arte, a Viseu Marca não esteve com meias medidas e comprou ela mesma um Festival. Nesse certame, mesmo que pareça ter sido decisão em causa própria, ou incesto fílmico, foi, enfim, feita justiça, com a atribuição de dois prémios a filmes da Viseu Marca. Bravo! Cenas de verdadeira farsa, que seriam cómicas se não fossem ridículas e à custa do erário público.
O PCP apoia o relatado investimento municipal na melhoria e beneficiação dos campos de futebol nas freguesias. No entanto também essa medida reflecte a falta de uma estratégia global do Município para a necessidade, diversidade e qualidade dos equipamentos desportivos para o concelho. Como já aqui referi várias vezes, sendo mera porta voz dos anseios que me foram transmitidos sobretudo por dirigentes e atletas, não existe no concelho uma Piscina Olímpica Pública, para que os valorosos e promissores atletas que temos possam treinar e evoluir nas condições ideais. O protocolo com os clubes de natação é manifestamente redutor e insuficiente.
O mesmo se aplica ao Kit de bilhética oferecido aos estudantes do ensino superior. O que eles agradeciam mesmo, senhor presidente, era a existência de mais residências universitárias que respondessem cabalmente à procura e com preços acessíveis.
Por fim, congratulo-me com a inscrição no Orçamento do Estado do Centro Oncológico de Viseu e com a redução das portagens na A24 e na A25. Portagens que o seu governo inaugurou e que nunca deveriam ter sido impostas. Por isso o PCP continuará a luta pela sua abolição total. Ao contrário de outros estas são matérias que o PCP nunca deixou cair com este e com anteriores governos.
Alguém maldosamente acusou o senhor presidente de ficcionar. Não fique triste. Todos nós gostamos de boas histórias.”