No mês passado a ANCEVE alertou para o facto de o aumento continuado dos preços das matérias primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, estar a levar inúmeros pequenos e médios produtores, que constituem o grosso do tecido empresarial da fileira vitivinícola, à beira da falência. Esta situação acontecia no preciso momento em que se avizinhava uma nova vindima.
O preço dos combustíveis disparou. O gasóleo agrícola, um produto tão sensível para o agro-alimentar, subiu exponencialmente. Não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área.
Por outro lado, continuam a verificar-se enormes problemas no abastecimento dos materiais de engarrafamento, sobretudo do vidro e do cartão.
O custo dos transportes disparou : como exemplo, o custo de envio de uma palete de vinho de Lisboa para o Algarve era de €35,00 e agora está nos €65,00. Acresce que são debitadas ao produtor taxas-extra de combustível, que antes não existiam.
Os produtores apenas conseguiram subir os seus preços de venda em cerca de 10%, pelo que a esmagadora maioria irá apresentar enormes prejuízos no final do ano, se lá conseguirem chegar.
E a ANCEVE solicitou que o Governo aceitasse agilizar um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho, um sector que leva longe o nome de Portugal mas está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos.
Solicitámos concretamente ao Governo, em Agosto :
Apoio à tesouraria, sem juros, para que Adegas Cooperativas e compradores de uva possam pagar aos vitivinicultores as uvas logo após a vindima e devolver o apoio ao longo de 2023.
O preço dos combustíveis disparou. O gasóleo agrícola, um produto tão sensível para o agro-alimentar, subiu de €0,83 para quase €1,80 o litro. Não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área. Deveria ser implementado um reforço do apoio assertivo nesta matéria.
Apoio ao investimento em barricas / tonéis de madeira para estágio de vinho (em 2021 existiu um apoio para inox).
Vidro – apoio para a “stockagem” de garrafas (dada a escassez no mercado e o aumento continuado dos preços), a enquadrar legalmente, em diálogo com a União Europeia;
Promoção – no âmbito dos programas de promoção de vinho, criar uma linha específica para pequenas / médias empresas, com candidaturas muito simples e apoios forfetários à imagem do Vitis, para realização de acções de promoção a partir de Janeiro de 2023, medida a enquadrar legalmente, também em diálogo com a União Europeia.
E o que aconteceu foi que apenas o gasóleo agrícola mereceu alguma atenção, apesar de os preços em Portugal continuarem, mesmo assim, bem mais altos do que, por exemplo, na vizinha Espanha.
O remanescente das medidas anunciadas com pompa e circunstância é basicamente uma ferramenta que, na prática, “ajuda” as empresas a endividarem-se cada vez mais.
E o plano anunciado recentemente pela Ministra da Agricultura é uma medida no âmbito do FEADER, que abrangerá apenas uma parte da viticultura.
E que deveria ter força para impedir as cativações financeiras que vêm retirando muitos milhões de Euros dos cofres do IVV e do IVDP, dinheiro do sector que deveria ser investido na promoção internacional dos vinhos de Portugal.
É urgente e imperioso que, neste momento tão dramático e excepcional, o Governo aceite, de uma vez por todas, agilizar um plano extraordinário e específico de apoio à fileira do vinho.
Nota: A ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas é uma Associação empresarial do sector dos vinhos, incluindo empresas de todo o País. Tem Paulo Amorim como presidente da direcção.