O mergulho intenso no leito de um rio de poesia.
“27.
É julho, agosto, setembro
Sol, sol, sol.
Sabe a laranjada, a sal,
a dias sem fim.
O perfume das tílias,
a bola que foge dos pés.
Os dias que alternavam sem terminarem,
voltavam ao pequeno almoço
com pão e manteiga e marmelada quanto baste.
De vez em quando, alguém se despedia até depois,
sem direito a nuvens e camisola suadas.
Mudava-se de cenário para as dunas que ainda
não eram divãs, onde se escondiam divas
francesas debaixo do sol.
Hora de trocar os heróis dos livros aos
quadradinhos.”
O tempo atravessa a poesia de Eduardo Arimateia com um exército de memórias aparentemente perdidas, que engolem o leitor desde o primeiro verso. Em “A lesma arrasta-se”, seu livro de poesia, há um convite a um mergulho intenso num leito de um rio que segue o caminho do pensamento, entre o corriqueiro e algo de singularmente místico da experiência humana.
Numerados e encadeados, os poemas da obra de Arimateia não se pretendem constituir numa narrativa lógica, mas no desdobramento de pensamentos suspensos e não lineares, próprios da vitalidade de sentimentos que nem sempre conseguimos expressar, mas que, num lugar comum da metafísica da experiência, conhecemos.
SOBRE O AUTOR
Eduardo Arimateia nasceu em Hartford, Connecticut, EUA. Vive em Viseu. Publicou em 2019 Livro Venenoso na By the Book, com prefácio de Filipa Martins e ilustrações de Alice Geirinhas.
A LESMA ARRASTA-SE
Eduardo Arimateia / Editora Gato-Bravo, Lisboa, 2023 / ISBN 9789899069442 / 56 páginas / Preço: 12 €
SERVIÇO
Apresentação: A lesma arrasta-se / Local: Travessa Lisboa / Data: x/x/2023