José Régio interrompeu o diário íntimo entre 1941 e 1946. Retomou-o em 22 de Outubro, disposto a fazer dele «alguma coisa». Embora o teatro e o romance fossem a sua mais completa confissão pessoal, retomou o diário para anotar os pesadelos que lhe sobrevieram após a morte da mãe, em Abril.
José Régio escrevia então, e tinha praticamente concluída, Benilde, ou a Virgem Mãe, que li, assarapantado, em Dezembro de 1982. «Qual é o fio subtil que permite desenlear a trama da obra?», perguntava-me, impressionado com a religiosidade, a demência e o apelo dos sentidos. Depois de anos a pensar nesta peça, José Régio diz que a compôs a seguir às férias grandes, em dias «de grande exaltação» e devaneio. «Momentos belos, esses (hesito em lhes chamar felizes).»