O problema é sempre o mesmo. Como se pode contar a história do evento social de maior relevo na região Centro a quem nunca lá esteve?
Ao longo dos anos fomos experimentando vários ângulos de abordagem que, manifestamente, por defeito, nunca conseguiram traduzir a realidade. É pena. Cada edição desta festa é, em si, um mundo paralelo. E, não pense que estamos a brincar.
Vinte e um anos depois os OMA (Os Melhores Anos), evento organizado pelo Grupo Visabeira, continuam a ter o condão de surpreender e encantar. Em que outro local pode, edição após edição, encontrar os nomes maiores da música portuguesa, figuras públicas ligadas à política, ao poder autárquico, à economia, ao ensino, ao desporto e às artes? Sim, sabemos que acertou. É mesmo ali.
Pudesse o centro do país ser georeferenciado e temos a certeza que, na noite deste sábado, não andou muito longe do salão multiusos Expocenter em Viseu. Mas, quais as razões para isto? Temos a certeza que sabe novamente a resposta.
É apaixonado por música? Ali tem. Aprecia a melhor gastronomia regional? Ali não falta. Gosta de glamour e elegância? Gente bonita? Ali existe, a cada meio metro.
E foi, talvez por estas razões que na véspera destas eleições autárquicas o inevitável aconteceu de novo. Mais de mil pessoas gritaram “presente”.
O palco era de celebração, mas, ao mesmo tempo de invocação da memória. E, tal, foi plenamente conseguido. A entrada, o “passeio” guiado pelos corredores do “The Day After”, aguçou o apetite para o que aí vinha.
A julgar pelas caras, as oito horas de espetáculo continuo e a boa gastronomia beirã não deram descanso a quem por ali andava. Mas, decerto, também não era esse o objetivo.
Ininterruptamente, no palco principal “The Day After” foram desfilando os acordes da Infantuna Cidade de Viseu , do St. Dominic’s Gospel Choir, dos grupos Bernie & The Roosters, da Smooth Orquestra, Duplo Sentido e Boca Doce sob o olhar atento de Paulo Ventura, manager de vários artistas nacionais. Já no palco 1927 os djs B.R.O.S., A.Dream Pires e Zé Galo navegavam à vista.
Contudo, isto seria apenas o aperitivo. Da “ementa” constava ainda o nome maior: o do músico português Jorge Palma. A espera não se avizinhou longa. Perto da uma da manhã, ou coisa que o valha – o relógio tinha ficado em casa, ouviram-se as primeiras batidas de “Frágil” que lançaram o artista para voos mais arriscados. Os hinos “Encosta-te a mim”, “Portugal, Portugal” e “Jeremias O fora da Lei” fizeram o resto. A plateia esqueceu que havia cadeiras.
E se estar perto de Jorge Palma já era, por si só, razão para fazer umas centenas de quilómetros, a surpresa da noite levou a sala aos “cinquenta graus”. Paulo Gonzo, artista que já tinha sido protagonista nos “Melhores Anos” de 2014, voltou a Viseu para interpretar o dueto “Sem ti” com o seu amigo de sempre. Entre palmas e pedidos de encore, a sala estremeceu.
O resto conta-se num parágrafo. Uma ementa irrepreensível, vozes encantadoras, gente linda e uma pista de dança a rebentar pelas costuras.
Não veio a Viseu? Não sabe o que perdeu.
Para o ano há mais.