Tópico(s) Artigo
-
Alexandre Azevedo Pinto
O concelho de Viseu surge em último lugar, entre os 5 concelhos da Região Dão-Lafões, na comparação das remunerações dos trabalhadores por conta de outrem, ficando-se pelos 987,10€ mensais. Neste ranking, Oliveira de Frades – ocupa o 1º lugar com uma remuneração média mensal de 1119,80€, seguida de Mangualde – com uma remuneração média mensal de 1098,40€, de Tondela – com uma remuneração média mensal de 1062,60€, e de Nelas – com uma remuneração média mensal de 1035,60€.
Viseu é entre estes 5 concelhos o único com uma remuneração média mensal abaixo do limiar mínimo dos 1000€ mensais, sendo que os trabalhadores de Viseu recebem, em média e anualmente, menos 1857,80€ que os trabalhadores de Oliveira de Frades, menos 1558,20€ que os trabalhadores de Mangualde, menos 1558,20€ que os trabalhadores de Tondela e menos 1057€ que os trabalhadores de Nelas.
Importa notar que esta realidade não é nova, quando comparado com aquilo que se já se passava no ano 2013. O que é novo é o reforço e o agravamento desta tendência. Quando comparamos a diferença que separa Viseu do concelho imediatamente acima no ranking e no ano 2013 essa diferença situava-se em menos 120,4€ de remuneração média anual, passando situar-se nos 679€, no ano 2018.
Se deixarmos a região Dão-Lafões e alargarmos a comparação à realidade das capitais de distrito vizinhas, onde incluímos: Aveiro, Coimbra, Vila Real, Guarda, Bragança e Castelo Branco, chegamos a resultados também idênticos.
No ranking destas 7 cidades, Viseu ocupava no ano 2013 o 4º lugar, atrás de Aveiro, Coimbra e Vila Real, com remunerações médias anuais inferiores face a Aveiro (menos 2333,80€), face a Coimbra (menos 2580,20€) e face a Vila Real (menos 589,40€). Cinco anos depois, já no ano 2018, a situação de Viseu agravou-se, caindo para 5º lugar do ranking, tendo sido ultrapassado pela Guarda (que consegue crescer, neste período, 16,05%), ao mesmo tempo que vê aproximar-se Bragança (que consegue crescer 10,11%).
Finalmente, se ampliarmos ainda mais a nossa análise e olharmos para a média nacional, no ano 2013 a remuneração média mensal em Portugal situava-se nos 1093,30€, enquanto que em Viseu se ficava pelos 915€. Em termos anuais e nesse ano, os trabalhadores de Viseu recebiam menos 2496,20€ que os seus colegas do resto do País. Passados 5 anos, e já no ano 2018, esta diferença agravou-se situando-se agora nos 2517,20€.
Parece claro, um agravamento significativo da tendência de baixas remunerações do trabalho (baixos salários) no concelho de Viseu, entre os anos 2013 e 2018. Esta tendência é um sinal do fracasso das políticas públicas municipais, incapazes de inverter ou até mitigar esta tendência.
Importa notar que, por regra, os concelhos com maior capacidade de captar investimento externo (mais expostos à concorrência internacional), são aqueles que melhor pagam aos seus trabalhadores e Viseu, ao longo destes anos, não tem conseguido captar investimento com capacidade para fazer elevar o nível médio das remunerações dos seus trabalhadores.
Se a uma fraca remuneração do trabalho juntarmos os problemas já diagnosticados e não ultrapassados, de um processo de envelhecimento e de perda de populacionais – sobretudo de jovens mais qualificados – ficam reunidas um conjunto de condições “muito favoráveis” para o fortalecer o atraso no desenvolvimento da nossa cidade e do nosso Concelho.
Gosto do artigo
Palavras-chave
Publicado por
Copyright © 2024, Rua Direita . Todos os direitos reservados.