Em resposta ao título deste artigo, ponderadamente responderemos que não. Porém, perante os factos, os mais cautos perguntar-se-ão como é possível terem-se volatilizado centenas de milhares de euros dos cofres do município?
Os factos foram tornados públicos por Fernando Ruas, a meio da semana passada: “Tenho de anunciar a fraude de que o SMAS foi vítima e que tem a ver com a aquisição de energia e o pagamento de duas faturas. Recebemos um e-mail que supostamente era da empresa que tinha um IBAN e que por acaso até do banco com que trabalhamos”, referindo-se à empresa que fornece a energia aos SMAS. E mais acrescentando perante a constatação da fraude: “Reunimos logo com a informática, mas não há indicações de que tenhamos sido alvo de um ataque informático ou acesso indevido a dados” (…) “Nós vamos tomar todas as posições, como reconfirmar mais do que uma vez o IBAN com as entidades que o mandam, porque nunca me passou pela cabeça que isto pudesse ser possível, mas vê-se que pode acontecer com facilidade”
“Casa roubada trancas à porta”, diz o povo que é sábio. Certo é, nos dias que correm, estarmos todos sujeitos a ataques informáticos dos chamados hackers, ou “piratas informáticos”. Certo é, também, que as empresas e instituições dessas vulnerabilidades conscientes, investem na cibersegurança para prevenir situações deste teor. Mas, se não houve “ataque informático” nem “acesso indevido a dados”, então houve o quê?
Segundo a “Sapo24”, “a Câmara de Viseu vai passar a ter mais cuidado, mas rejeita formação em cibersegurança”.
Podemos desta afirmação tirar a ilação de que o cuidado era pouco? Podemos concluir que a rejeição da formação em cibersegurança significa que, e de súbito, foram fechadas todas as “portas” de entrada aos hackers?
Decerto que as passwords do município são de seguríssima encriptação. Decerto que os responsáveis, quando procedem a transferências de centenas de milhares de euros, confirmam o IBAN das contas a transferir. Decerto é que, mesmo assim, a fraude aconteceu. E esta é a incontornável realidade.
Doravante, estamos cientes e seguros de que toda a cautela será pouca nos serviços financeiros responsáveis, que situações deste cariz não se repetirão, que as fraudes não mais se sucederão e que a autarquia viseense estará impermeabilizada e à prova de bala contra qualquer infiltração, seja de ladrões, seja de piratas informáticos, quejandos ou similares.
Segundo a autarquia o montante em causa será de 379 mil euros e não dos noticiados 600 mil. Do mal o menos…