Claro está que se é imposto não é voluntário, mas é a aceitada assunção de um dever social de pagamento de uma contribuição exigida em função da capacidade económica de cada um.
O imposto tem por base e fundamento financiar as despesas do Estado social e parte do democrático pressuposto de que aqueles que mais têm mais devem pagar, na proporcionalidade dos seus haveres.
O justo “impositus” tem pois uma função social extraordinária que não deve ser minimizada nem posta em causa.
O cidadão comum acata e aceita os impostos que paga regular e quotidianamente como forma de contribuir para uma mais justa e equitativa sociedade em que se insere.
Em Portugal a carga fiscal é elevada e com tendência a crescer pelas circunstâncias pandémicas recentes.
O contribuinte (esta palavra tem uma carga semântica agradável e positiva) não reclama. Paga. Por vezes com dificuldade. Mas paga, desde o mais humilde ao mais remediado.
No fundo estamos perante um roubo. Mas como ninguém ignora, um roubo de muitos milhões não é penalizado, apenas o sendo os roubos de parcos milhares. Porque os ladrões de milhões têm dinheiro para pagar aos mais encartados escritórios de advogados para os defenderem e encontrarem subterfúgios para a impunidade.
Estranha-se é que a Autoridade Tributária, tão lesta e eficaz, tão punitiva para com os pequenos e médios infractores, se agache e ponha de cócoras perante empresas que contornam a lei e usando as chamadas engenharias financeiras, à descarada vista de todos, se eximam do pagamento de mais de uma centena de milhões de euros, com o escondido beneplácito de um Estado sempre tão ávido na imposição dos seus direitos ou, se quisermos, na reclamação dos seus impostos.