Ontem foi detido Steve Bannon, um dos artífices desse esoterismo conspirativo que serve para impor agendas reacionárias e conservadoras às sociedades abertas e tolerantes.
Um dos autores do MAGA (fazer a América grande outra vez) foi preso a bordo de um luxuoso iate de um cidadão estrangeiro com alegadas ligações aos serviços secretos chineses. Steve Bannon ideólogo, financiador (?) e guru de muitas extremas direitas europeias foi apanhado por alegadamente estar envolvido num esquema fraudulento de angariação de fundos para “construir o muro na fronteira dos EUA com o México”. Desconhece-se o número de mexicanos que foram defraudados neste esquema que obrigou Bannon a pagar uma caução de 5 milhões de dólares para ver restituída a sua liberdade de forma condicional, um quinto dos 25 milhões que terá conseguido amealhar. Já em 2001 Jonathan Franzen nos explicava em Correcções como era fácil, em terras do Tio Sam, montar este tipo de esquemas para financiar supostos ideários políticos sempre catalogados como muito “liberais”, quando, na realidade, são o seu contrário.
A propósito deste episódio veio logo o populista nacional de pacotilha afiançar que “A prisão de Steve Bannon por uma questão qualquer de angariação de fundos mostra que por vezes o poder consegue instrumentalizar a justiça. Esperemos que nunca aconteça cá, agora que o …. começa a incomodar tanto!”
Ainda sobre o “marxismo cultural” e democracia, será que os cidadãos que se indignam com tal inexistência, já gastaram 10 minutos seguidos a ver os poderosos e dominantes programas da manhã e da tarde dos canais televisivos nacionais? E dos omnipresentes programas nocturnos de lavagem de equipamentos desportivos? Programas onde se promovem intolerantes primários, onde se dedicam a adormecer a mente dos que escolhem acriticamente a vê-los repetidamente, onde se estupidificam espectadores, onde, de uma forma genérica, se abusam e exploram os mais frágeis. Emissões feitas com o beneplácito do Estado que atribui as licenças de emissão supostamente sujeitas a regras. Programas onde, diariamente, se praticam verdadeiras fraudes publicitárias, culturais e intelectuais que contribuem decisivamente para a construção de um país cada vez mais afunilado, ultramontano e nauseabundo.Top of Form
Já é mais que tempo de os actores democráticos de serviço passarem a ser imensamente mais responsáveis, exigentes e actuantes e deixarem de tolerar os parasitas que nos andam a minar a base que nos permite ter vidas decentes e livres. Obviamente terão de começar nas suas casas.
(Foto DR)