Em brevíssimos instantes, o primeiro-Ministro Luís Montenegro, acerca da operação da PSP no Martim Moniz, PSP que o BE diz estar a ser “instrumentalizada”, utilizou os seguintes vocábulos:
“atónito e perplexo” – com as reacções;
“incorrectas, impróprias e indesejáveis” – as considerações acerca dessa acção ter motivações extremistas;
“inusitados e injustificados” – os argumentos avançados pelos partidos da oposição;
“não há razão para atirar estas pedras para cima do debate” – que é todo de “retórica política”.
Por seu turno, o agastada director nacional da PSP, Luís Carrilho, afirma que os turistas procuram Portugal “pelo sol, a culinária e a gastronomia” e devem sentir-se seguros. Vai daí…
Ora bem, acho que todos nos sentíamos mais seguros antes de vermos por todos os canais televisivos imagens de dezenas de imigrantes encostados à parede, mãos no ar e de costas para a polícia…
… polícia que apareceu no Martim Moniz em desproporcionada força, no número de agentes e no armamento empunhado. No fundo, para e após centenas de identificações, concluir haver um imigrante procurado pelas autoridades e ter encontrado na posse de outro uma arma branca, vulgo uma navalha.
Montenegro, perante as críticas oriundas de todos os quadrantes políticos e sociais, recua para diante e passa ao ataque, numa narrativa mais cheia de fingida indignação do que real razão, a narrativa de quem tem “a consciência pesada”, no dizer do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
Enfático, irritado, disparando em 180º, aproveita o efeito mediático para tentar reverter a situação, esquecendo-se que uma imagem vale mil palavras e a imagem que ficou foi a das muitas dezenas de imigrantes encostados à parede, a lembrar o filme “Estado de Sítio” de Costa-Gravas.
Não longe, após ter lançado à terra a semente da discórdia, com ar angelical, a assobiar para o ar e a rir-se para dentro, André Ventura congratula-se por ter atingido os seus intentos xenófobos — por interposta pessoa… LOL.