O primeiro-Ministro de Portugal, no horário nobre das 20H00, em todas as televisões, para milhões de portugueses, anunciou uma substantiva e relevantíssima comunicação ao país.
Todos ficámos alerta, todos conjecturámos expectativas sobre a causa de tal efeito. O que teria acontecido?
Outra revolução após o 25 de Novembro? O ataque dos espanhóis vindos de Olivença? A agressão dos russos a um dos submarinos tão arduamente adquirido pelo Portas? O regresso do FMI? Um possível ataque nuclear desencadeado pela Coreia do Norte? O naufrágio da Madeira? A arremetida de Ventura aos deputados do Livre? A instauração do estado de sítio?…
Pessoalmente, com um profundo sentimento de insegurança, uma violenta arritmia cardíaca, suores frios e urticária, depois de tomar dois ansiolíticos, afundei-me no sofá embrulhado numa manta polar e, ainda assim, a tremer.
“Portugal é um país seguro, dos mais seguros do mundo. Mas, isso tem de ser trabalhado e alcançado todos os dias” mais anunciando ir gastar 2o milhões de euros em 600 veículos para a PSP e a GNR, concluindo ter “confiança em todos os membros do meu Governo. As nossas ministras estão a fazer um trabalho extraordinário.”
E pronto, atenuados temores e tremores, mesmo havendo quem pensasse ter a montanha parido meio rato, ou que ao chefe do governo não escapa uma para mostrar que não é só Ventura a ser amigo das forças de segurança – e nem ousamos cogitar que aproveitou mais uma oportunidade para fazer campanha – lá seguimos para a cama com a agitação e a afobação a regredir, cientes ou melhor, com a “percepção” (do léxico sensorial do governante) de tudo estar na Paz do Senhor, aplacados pânicos e pavores e seguros de que a segunda vaga de 1755, ficou adiada para o fim da legislatura.