“Georges! anda ver meu país de Marinheiros,
O meu país das Naus, de esquadras e de frotas!
António Nobre
O almirante Gouveia e Melo, que ficou famoso como o homem que pôs os portugueses a tomar vacinas, endeusado pela gratidão dos vacinados, lançado da fragata para a ribalta, encara ser o próximo presidente da República portuguesa.
Superlativa e legítima aspiração, convenhamos.
A orfandade lusíada a pairar desde Alcácer Quibir, que sempre viu nas fardas uma bonançosa baía e um luminoso farol, dá-lhe na última sondagem 23,2% das intenções de voto dos inquiridos e no extremo oposto, 1,3 a Santana Lopes, a augurar-lhe que as águas do Cabedelo, Buarcos e Quiaios são menos revoltas.
Há mais um punhado deles, ainda no limbo da marinada pré-eleitoral, aquietados por ora, mas prontos para arremeter em voo picado caso as vísceras e o voo das aves lhes seja auspicioso.
Ao almirante, fora alguns tiques autoritários – que fascinarão uns milhares de eleitores – e algum autoconvencimento, não se lhe conhece nem ideia nem ideologia que o mova. Tirando o copo bebido num bar da capital com o “furriel Melo”, a sondar baixios e corais para ancorar a sua “restaurada” direita, agora fortalecida com a tutela das FA, outros explícitos apoios são desconhecidos.
Vai a barca a largar do cais e até chegar ao mar alto, tanto pode enfunar a vela no mar chão como naufragar na alterosa procela.
Afinal, depois de MRS, talvez mereçamos mesmo um almirante…