Ainda ontem aqui me referia a que no Portugal de 2021 não deveria haver ninguém a exigir a deportação de um cidadão português (no caso o português de origem senegalesa e dirigente do SOS Racismo Mamadou Ba) por expressar a sua opinião, fosse ela qual fosse.
Também ontem um cidadão com imensamente mais responsabilidades que Mamadou, deputado da nação e de Vila Real de Trás-os-Montes (Nação, peço desculpa), expressou num artigo sobre a “necessidade de nos olharmos ao espelho” que o “Padrão dos Descobrimentos” deveria ser destruído.
Não me interessa discorrer sobre os propósitos dessa ou de outras propostas, sobre a exasperação e hipersensibilidade da sociedade actual, imberbe e incapaz de lidar e analisar com tudo o que herdámos e nos construiu. Não me interessa, por ora, abordar a ironia de alguém eleito pelo Distrito de Vila Real, estar aparentemente mais preocupado em demolir coisas em Lisboa do que em construir o que tanta falta faz no interior do País. Mas não queria deixar de saber se os encanitados que criaram e assinaram a petição com o propósito de “expulsar” Mamadou Ba, já fizeram semelhante parvoíce dirigida a Ascenso Simões e quantas assinaturas já terá recolhido.
Ou vão-me dizer que não se irritaram com as afirmações dele? Será porque o dito rapaz não nasceu no Senegal e o seu tom de pele é mais próximo do seu próprio? É que como esta gente por norma nega que haja racistas na “Lusitânia” (como outros negam que ele possa ser praticado por não brancos), a petição já deve estar aí, com mais de 30 mil assinaturas, mas eu é que ainda não a vi a circular. Ou estarei mais uma vez equivocado?