Tal como o sol, a água quando nasce é para todos! (XV)

Desta vez não podemos deixa que a culpa morra solteira. Afinal, os campeões do milagre financeiro tinham pés de barro. Caía, com estrondo, o mito das folclóricas contas que, afinal, eram apenas deferidas no tempo e desviadas no destinatário, anunciadas como sendo uma coisa fantástica, tal milagre das aparições que aconteceram na Lajeosa. Afinal, eram somente parições!

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  • 11:51 | Domingo, 06 de Abril de 2025
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CAPÍTULO XV

 


Atravessávamos o tempo de “os portugueses estão pior, mas o país está melhor”, essa redutora visão do então Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, desfazendo o fosso que separa a dignidade do descaramento. Era o tempo do corte das pensões, da míngua da economia, do recorde do desemprego, da destruição de mais de 330 mil postos de trabalho, da liquidação total do setor lucrativo do público e do empobrecimento do Estado Social.

A vida ficava cada vez mais difícil e pagar a água tão cara exigia, para uma maioria, ginástica acrescida.

O tempo das meras encenações, a teoria do oásis e o fantasiado sucesso económico das contas municipais ainda há poucos meses terminara, apesar da reeleição de velhos costumes e de quase todas as mesmas caras, subindo nos degraus deixados vazios.

A essa assembleia ocorreram muitos populares, enquanto assistentes, querendo ouvir o que cada partido representado tinha a dizer sobre o assunto, agendado a pedido do PS e que desafiou a Mesa a deixar ouvir quem sobre ele quisesse intervir.

Ainda através da Mesa, o Partido Socialista requeria os Relatórios de Contas entre 1997 e 2012 e a cópia da ata da reunião do Conselho Executivo, no qual foi deliberada a assinatura da Adenda de 2007.

Um outro Requerimento à Mesa para que, através dela, fossem facultadas as atas da sessão da Assembleia Municipal de Tondela e da reunião da Câmara Municipal de Tondela, em que foi aprovada a adenda assinada com a Águas do Planalto.

Por fim, o PS requereu uma cópia da minuta de aditamento ao contrato de concessão, que foi submetida pela concessionária à concedente, que é mencionada na mensagem do presidente da Águas do Planalto no Relatório de Contas de 2012.

Enquanto o CDS se juntava ao PS e às vozes populares, o PSD insistia com os tarifários sociais, como estivesse a inventar a pólvora e não a cumprir a Lei. Tem piada, ainda hoje, os dirigentes locais e nacionais fazem de contas do que é Lei, chamando a si a autoria de benefícios sociais e outras malandrices que não incorporam o seu ADN político, fazendo-o por puro oportunismo.

Chegados ao final dos trabalhos, o período aberto à intervenção do Público foi provavelmente o mais concorrido de sempre. Pelo MUAP, Júlio Rodrigues, Luís Figueiredo, Luís Henrique Brás Marques e Joaquim Santos pediram a palavra, mas também os membros da AM,  Jorge Henriques, António Dinis, Felisberto Figueiredo e Marina Amaro.

Foi muito clara a exposição do Júlio Daniel Rodrigues, a quem outros inscritos cederam o seu necessário tempo, que fez uma exposição com auxílio de Power Point para apresentação do MUAP e suas reivindicações.

Falou também Luís Henrique Marques, expondo a sua opinião acerca do negócio da água. para que todos percebessem o que está em causa e quais são as preocupações de quem entrou nesta luta.

Seguiu-se o presidente da câmara que realçou a utilidade da participação dos 2 convidados da sessão de dezembro passado, o que proporcionou que tivéssemos um ponto de partida e felicitou os oradores anteriores, em nome do MUP, pela serenidade das suas intervenções e que estes movimentos eram importantes para a Democracia (e acabaria mesmo por ser!).  Exposição continuou e os interessados podem consultá-la na ata dessa sessão. Antes de terminar, conseguiu pôr de pé o ovo de Colombo – o custo de exploração confirmado pela concessionária (0,56 €/m3), está muito abaixo dos preços praticados, precisamente por estarem inflacionados pelos custos da amortização dos investimentos. Só que, senhor presidente, apesar de dizer que em 2007 foi o “boom” das Parcerias Público Privadas, nada justifica o modo como esta foi feita … nem outras que teremos de pagar. Até porque, apesar do boom, nem todos entraram nesses negócios; não quero diabolizar as PPP’s na sua generalidade, mas as PPP’s que se tornaram escandalosamente ruinosas. Se tiver tempo, delas falarei.

Desta vez não podemos deixa que a culpa morra solteira. Afinal, os campeões do milagre financeiro tinham pés de barro. Caía, com estrondo, o mito das folclóricas contas que, afinal, eram apenas deferidas no tempo e desviadas no destinatário, anunciadas como sendo uma coisa fantástica, tal milagre das aparições que aconteceram na Lajeosa. Afinal, eram somente parições!

As consequências não se fariam esperar muito tempo! …

(CONTINUA)

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Publicado em Opinião