Um país que chora muito as grandes figuras, no caso de hoje, do pensamento e da cultura portuguesa. Nomeadamente nas redes sociais e por pressuposto e força motriz de bola de neve. A maioria dos “chorosos” nunca terá lido uma linha nem conhece um dos fundamentos do seu pensamento, mas durante 24 horas, à falta de outras “line guides” e porque não há futebol e os números da pandemia estão a baixar, choram Eduardo Lourenço.
Ainda bem que assim somos, nada de mal havendo nestas manifestações de pesar. Antes sendo até catárticas.
Eduardo Lourenço 1923-2020 faleceu hoje com 97 anos.
Eduardo Lourenço foi também um aquiliniano consumado. Talvez porque como ele, como Miguel Torga, foi um homem genial, coerente e de fortíssimas convicções sociais e ideológicas.
Beirão, com um telurismo que nunca abandonou, antes cultivou e que lhe terá moldado e modelado o carácter e o rigor, foi em vida reconhecido e agraciado no seu país e no estrangeiro, tornando-se uma figura de proa da cultura europeia.
Duas sugestões para os que o “choram” também o lerem: “Tempo e Poesia” e “O Labirinto da Saudade”.
(Foto DR)