Somos um país assim…

Beirão, com um telurismo que nunca abandonou, antes cultivou e que lhe terá moldado e modelado o carácter e o rigor, foi em vida reconhecido e agraciado no seu país e no estrangeiro, tornando-se uma figura de proa da cultura europeia.

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  • 15:46 | Terça-feira, 01 de Dezembro de 2020
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Um país que chora muito as grandes figuras, no caso de hoje, do pensamento e da cultura portuguesa. Nomeadamente nas redes sociais e por pressuposto e força motriz de bola de neve. A maioria dos “chorosos” nunca terá lido uma linha nem conhece um dos fundamentos do seu pensamento, mas durante 24 horas, à falta de outras “line guides” e porque não há futebol e os números da pandemia estão a baixar, choram Eduardo Lourenço.

Ainda bem que assim somos, nada de mal havendo nestas manifestações de pesar. Antes sendo até catárticas.

Eduardo Lourenço 1923-2020 faleceu hoje com 97 anos.


Portugal perdeu um intelectual, um académico, um pensador, um crítico, um filósofo, um ensaísta… admirável. Autêntico “príncipe da Renascença”, este republicano laico, produziu vastíssima obra de mais de seis dezenas de títulos, que enferma uma visão cultural de supina importância para o entendimento do nosso tempo.

Eduardo Lourenço foi também um aquiliniano consumado. Talvez porque como ele, como Miguel Torga, foi um homem genial, coerente e de fortíssimas convicções sociais e ideológicas.

Beirão, com um telurismo que nunca abandonou, antes cultivou e que lhe terá moldado e modelado o carácter e o rigor, foi em vida reconhecido e agraciado no seu país e no estrangeiro, tornando-se uma figura de proa da cultura europeia.

Duas sugestões para os que o “choram” também o lerem: “Tempo e Poesia” e “O Labirinto da Saudade”.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião